Presos traficavam drogas e mantinham motel em cadeia de Goiás
Segundo o MPGO, as irregularidades tinham o consentimento da direção da Unidade Prisional de Anápolis
atualizado
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O Ministério Público de Goiás (MPGO) deflagrou, nesta terça-feira (21/11), a segunda fase da Operação Regalia para coibir irregularidades dentro da Unidade Prisional de Anápolis, cidade goiana localizada a 160km de Brasília. Na cadeia, os investigadores descobriram que os presos saíam para festas, traficavam drogas e até mantinham um motel lá dentro, com direito a bombons em cima da cama para receber as mulheres, cujos nomes seriam anotados em um caderno. O espaço foi fechado em março deste ano.
Após mais de um ano de investigação, o MP chegou à conclusão de que a direção do presídio criou, em conluio com os presos, um “escritório do crime” na prisão. Os promotores disseram que os detentos cometiam delitos que vão desde o tráfico de drogas até homicídios. No local, também ocorriam suicídios forçados, ainda de acordo com os investigadores.
A investigação começou em 2015, quando teve-se notícia de que havia objetos entrando de forma irregular no presídio. Essas informações foram levantadas pela Polícia Federal, inclusive, durante operação realizada no ano passado.
A informação levantada dava conta de que bastava pagar para ter celular ou mesmo qualquer outro benefício, tudo com anuência da administração do local. Mesmo após a apreensão dos aparelhos, pouco tempo depois, eles voltavam a circular no presídio, com o mesmo Imei (número de identificação global e único para cada telefone celular).
Segundo informações da TV Anhanguera, um dos presos teria sido escoltado por agentes para sacar dinheiro em um caixa eletrônico, o que é proibido. Só é possível que detentos retirem dinheiro em caso de velório ou tratamento de saúde. A ação desta terça teve o apoio da Polícia Militar e da Superintendência Penitenciária da Secretaria Pública de Goiás (SSP-GO).
Primeira fase da operação
Na primeira fase da operação, em setembro de 2017, foram presos um agente prisional e três ex-funcionários. De acordo com os promotores, os agentes prisionais cobravam vantagem indevida para que detentos tivessem privilégios dentro de presídios. Contudo, havia ainda uma segunda forma para extorquir dinheiro dos acautelados. Ela funcionava quando os agentes penitenciários impunhavam dificuldades administrativas que impediam concessão de benefícios de direito dos presos.
“Quando o preso não cedia a esses pagamentos, os agentes colocavam algum entrave administrativo que impedia a concessão de benefícios, mesmo que o preso tivesse direito. Nas situações de transferência para outros presídios, por exemplo, a agenciação do sistema prisional deveria prestar informações para a Justiça sobre a situação daquele preso, da existência de vaga e do comportamento dele. Era nesse momento em que entrava a dificuldade imposta pelo agente ao detento que não cedia à solicitação da compra do benefício”, explicou a promotora Gabriella Queiroz.