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Presos comandam Alcaçuz há 7 dias

O local está há uma semana sob controle dos presos e o Ministério Público cobra ação com força policial

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alcaçuz penitenciaria prisao presidio
1 de 1 alcaçuz penitenciaria prisao presidio - Foto: Reprodução/Twitter

O governo do Estado começará neste sábado (21/1) a colocação de contêineres que servirão de barreira improvisada para a construção de um muro de concreto que vai separar o Primeiro Comando da Capital (PCC) do Sindicato do Crime (SDC) na Penitenciária Estadual de Alcaçuz, na Grande Natal. De acordo com o Executivo, logo após a instalação dos contêineres terá início a obra do muro. O local está há uma semana sob controle dos presos e o Ministério Público cobra ação com força policial. Agentes penitenciários ameaçam fazer greve a partir de quarta.

O Ministério Público Estadual do Rio Grande do Norte emitiu recomendação ao governador do Estado, Robinson Faria (PSD), para que, diante do que classificou como “barbárie”, com ao menos 28 mortes confirmadas desde sábado passado, sejam tomadas “providências efetivas”. Para isso, o procurador-geral, Rinaldo Reis Lima, e promotores pedem que se faça uso da força policial necessária para encerrar o motim e retirar mortos e feridos, além de armas e drogas.

Os presos feridos durante o confronto de anteontem foram levados para o Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel. A exemplo do que aconteceu anteontem – quando os socorristas não entraram na cadeia, mas ficaram na entrada, esperando os detentos que precisavam de atendimento -, os agentes não ultrapassaram os muros da unidade.

Os presos que saíram feridos foram alçados por cordas nas macas colocadas para dentro da unidade carcerária pelo Corpo de Bombeiros. Ainda de acordo com informações do Executivo, a medida visou a garantir a segurança dos profissionais que atuaram na ação de resgate.

Já os corpos dos presidiários que morreram durante este segundo embate ainda não foram retirados. A Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejuc) confirmou que há pelo menos duas mortes, mas evitou ser mais precisa. O motim foi retomado após a saída da maior parte dos policiais de batalhões de operações especiais, que haviam entrado no local no fim da tarde de anteontem. Com o término da operação, os pavilhões das unidades prisionais voltaram a ser controlados pelos detentos. A circulação livre dos presos pelos pavilhões podia ser vista por vizinhos e por todos que observavam a cadeia a distância. Alguns deles voltaram a ocupar o teto dos pavilhões, ainda com as bandeiras hasteadas e com celulares nas mãos.

Ações pontuais. Desde o sábado passado, os batalhões de Choque e de Operações Especiais (Bope) entraram na cadeia mais de três vezes, realizando revistas e retirando presos para transferências. As operações, no entanto, não se estenderam por mais de cinco horas em nenhuma das oportunidades. Logo que os homens de preto deixam a unidade, a rebelião é retomada.

O major Wellington Camilo, comandante do policiamento das guaritas, havia citado a pouca luminosidade no momento inicial da rebelião para justificar a falta de ação policial no interior da cadeia logo no primeiro dia. O dia amanheceu e a corporação interveio, o que permitiu a contagem inicial de 26 mortos. De lá para cá, porém, apesar de confirmar novos mortos no conflito da quinta-feira, a administração não estima quantos são. Fazer essa nova contagem pressupõe, segundo o comando da PM, entrar novamente e controlar, ainda que momentaneamente, a unidade, o que não aconteceu.

Questionado sobre a forma de atuação no presídio e o prazo para retomada da unidade, o governo disse que essas informações são restritas “porque envolvem a estratégia do setor de inteligência e por questões de segurança”. O Estado afirma que a prioridade agora ainda é evitar fugas em massa e para isso mantém com ocupação total as dez guaritas do presídio. É de lá que costumam partir as intervenções mais efetivas da administração, com os disparos de armamento não letal, visando a impedir os avanços das facções no território para eventual retomada de conflito.

À noite, em entrevista, Robinson Faria admitiu que a solução seria “acabar com Alcaçuz”. “Hoje tem de ser um novo presídio, até porque aquilo foi construído em cima de uma duna, foi um equívoco da época.” Ele ressaltou que apenas com a conclusão de dois presídios estaduais e de uma nova cadeia com verba federal se poderá “apagar a história maldita de Alcaçuz”. O Rio Grande do Norte tem 7,4 mil presos em regime fechado ou semiaberto e acumula um déficit de 3,5 mil vagas.

Só a transferência de detentos do SDC de Alcaçuz detonou uma série de ataques no Estado desde quarta-feira. “Encontramos mensagens nos celulares de suspeitos presos com as ordens para o ataque. Em Parelhas (no interior), o pedido era para que o CDP (Centro de Detenção Provisória) e a delegacia móvel da cidade fossem atingidos”, disse o delegado-geral adjunto, Correia Júnior.

Greve
Como uma tentativa de solução para a crise, o governador ainda anunciou a convocação de 700 agentes temporários e de policiais da reserva. No entanto, o anúncio repercutiu negativamente entre agentes. O sindicato que representa a categoria enviou nota informando que entrará em greve por tempo indeterminado a partir de quarta-feira, caso o governo não retroceda. Os agentes alegam usurpação da função pública. “Essa greve é imprópria”, rebateu Robinson Faria. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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