Preso por morte de Marielle, Lessa vai para banco do réus por mais duas mortes
Ex-vereador Cristiano Girão teria contratado Lessa para os crimes e, por aliança com o acusado, também será investigado no caso Marielle
atualizado
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Rio de Janeiro – O juiz da Terceira Vara Criminal, Alexandre Abrahão, mandou para o banco dos réus o PM reformado Ronnie Lessa e o ex-vereador do Rio e bombeiro reformado Cristiano Girão, preso em São Paulo na sexta-feira (30/7), por duas mortes que teriam ocorrido na disputa pelo controle da milícia na comunidade Gardênia Azul, zona oeste, em 2014.
Preso pelo assassinato da vereadora Marielle Franco (PSol) e do motorista Anderson Gomes, em 2018, a aliança de Lessa com Girão levou o ex-parlamentar a ser investigado também no inquérito de Marielle. Outro preso por participação nesse caso é o ex-PM Élcio Queiroz.
O ex-vereador foi preso pela Delegacia de Homicídios em razão de denúncia do Ministério Público. Segundo este órgão, Girão teria encomendado a Lessa morte do rival André Henrique da Silva Souza, o Zóio, na Gardênia Azul, zona oeste, em 2014. Na ação, morreu também a namorada da vítima, Juliana Sales de Oliveira.
Duas testemunhas contaram à polícia que viram Lessa ser um dos atiradores com fuzil. O carro de Zóio, um Honda Civic, foi atingido por 33 tiros, ao ser emboscado por homens em uma Fiat Doblò. Entre os assassinos, foi identificado ainda o ex-policial civil Wallace de Almeida Reis, o Robocop, que era conhecido como braço direito de Girão, e morreu em 2019.
O juiz Alexandre Abrahão determinou prazo de 10 dias para Girão apresentar sua defesa. O Metrópoles ainda não conseguiu contato como advogado do acusado, Zoser Hardman. O espaço continua aberto para manifestações.
A prisão de Girão foi cercada de cuidados. Os documentos, como os 14 mandados de busca e apreensão, foram enviados diretamente à Delegacia de Homicídios. A polícia espera que o resultado do material apreendido possa trazer novos fatos para o caso Marielle.
Ascensão e queda no Parlamento
Girão e Zóio disputavam taxas e aluguéis cobrados dos moradores na Gardênia Azul. Girão foi citado na CPI das Milícias de 2008, comandada pelo então deputado estadual Marcelo Freixo, à época do PSol, e atualmente no PSB. Assessora de Freixo na ocasião, Marielle ouvia as vítimas dos milicianos.
Girão foi eleito vereador em 2008. No ano seguinte, perdeu o mandato por ter sido condenado a mais de 14 anos de prisão por envolvimento com a milícia e lavagem de dinheiro. Perdeu o mandato por sucessivas faltas às sessões da Câmara de Vereadores. Acabou solto em 2017.