Preso por crimes sexuais, médico pediu para ver bronzeado de paciente
“Depois, só fazer o bronzeamento e me mostrar”, teria dito o ginecologista a uma paciente. Conversa teria acontecido antes de um retorno
atualizado
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Goiânia – Uma nova conversa atribuída ao ginecologista Nicodemos Júnior Estanislau Morais, de 41 anos, e uma paciente, aponta que o homem teria pedido para que ela mostrasse o bronzeado em uma consulta de retorno. A troca de mensagens foi registrada em um aplicativo de celular. O médico é investigado por importunação sexual, violação sexual mediante fraude e estupro de vulnerável.
Nicodemos está preso preventivamente desde a última quarta-feira (29/9), em Anápolis, a cerca de 55 km da capital goiana. De acordo com a Polícia Civil, até o momento, 53 vítimas formalizaram denúncia de algum tipo de abuso por meio de boletins de ocorrência.
Conforme o diálogo, o médico começa a conversa perguntando se a paciente está melhor. Segundo a delegada responsável pelo caso, Isabella Joy, a mulher havia feito uma cirurgia com o ginecologista para a retirada de um DIU, que infeccionou. A mensagem foi enviada antes da consulta de retorno, em abril de 2020.
Após a resposta da paciente dizendo que já estava melhor, em processo de cicatrização, o médico diz: “ótimo. Depois, só fazer o bronzeamento e me mostrar, kkk”.
De acordo com a investigadora, a mulher sofreu abuso justamente na consulta de retorno. Segundo a delegada, durante a retirada do DIU, a mulher foi sedada e não se lembra se houve algum tipo de crime.
“Ele tocava de forma não ginecológica as vítimas, fazia com que a vítima tocasse no órgão genital dele. Era o mesmo modus operandi”, explicou a delegada Isabella Joy ao Metrópoles.
“Posso testar?”
Uma outra conversa também atribuída ao ginecologista e outra paciente revela que ele se insinuou e fez comentários de cunho sexual enquanto a mulher tirava dúvidas sobre um método contraceptivo.
De acordo com a Polícia Civil, a conversa teria acontecido no mês de julho de 2020, após uma consulta. Na conversa, a paciente pergunta se o uso do anel vaginal não atrapalharia a relação sexual. “Bom, minha namorada já usou e eu não percebi diferença alguma. Posso testar kkk. Brincadeira”, responde o médico.
Clitóris
Vítimas relatam que, durante exames ginecológicos, o médico tentava manipular o clitóris, que é o órgão feminino relacionado ao prazer sexual. Isso teria ocorrido inclusive durante o exame de pré-natal em grávidas.
A investigadora conta que os depoimentos das vítimas são muito parecidos e algumas frases atribuídas ao suspeito são as mesmas para diferentes momentos de violação. A maior parte das vítimas é de Goiás (Anápolis, Pirenópolis, Goiânia e Abadiânia), mas também há mulheres de outras unidades da Federação, como Pará e Distrito Federal (onde ele foi condenado por crime parecido).
Além dos encontros presenciais, o médico mandava mensagens de cunho sexual para as pacientes. Ele indicaria, por exemplo, livros de conteúdo sexual em “tom de brincadeira”.
A aromaterapeuta Kethleen Carneiro, hoje com 20 anos, prestou depoimento nesta quinta-feira (30/9). A jovem relatou que quando tinha 12 anos o ginecologista ficou falando sobre “ponto G” e chegou a mostrar um quadrinho pornográfico para ela.
Veja o vídeo:
Vítima no Paraná
Uma mulher que mora em Porecatu, no Paraná, e preferiu não se identificar, relatou à polícia que também foi vítima do ginecologista, em 2018. À época, Nicodemos Júnior atendia no hospital municipal da cidade.
“Falei para ele que não tinha nada a ver com a consulta. Aí, ele pegou e falou que tinha a ver sim”, relatou.
A vítima contou que só conseguiu formalizar a denúncia em Porecatu algum tempo depois e por determinação de uma delegacia de Londrina. No início deste ano, ela foi informada que o processo foi arquivado. A mulher diz conhecer outras vítimas do médico na mesma cidade.
Defesa
Ainda à emissora, o advogado do médico, Carlos Eduardo Gonçalves Martins, afirmou que não cometeu nenhum dos crimes investigados e que pediu a revogação da prisão preventiva à Justiça.
Nicodemos foi preso em seu consultório, após a denúncia de três pacientes. Ele passou por audiência de custódia na última sexta-feira (1°/10) e permanece detido. O caso está em segredo de Justiça.