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Preso, líder do CV dirigiu tortura e ordenou morte de candidata e irmã

Faccionados presos no MT por envolvimento no duplo assassinato seguiram orientações transmitidas por chamada de vídeo pelo líder Véio

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imagem colorida de rayane alves e rithiele alves, candidata e irmã assassinadas no MT
1 de 1 imagem colorida de rayane alves e rithiele alves, candidata e irmã assassinadas no MT - Foto: Reprodução

Os depoimentos dos presos no Mato Grosso sob suspeita de participação no duplo assassinato da candidata a vereadora em Porto Esperidião (MT), Rayane Alves Porto, e da irmã dela, Rithiele Alves Porto, revelam que o crime teria sido conduzido e ordenado por um suposto líder da facção Comando Vermelho (CV), conhecido como Véio, que está detido na Penitenciária Central do Estado (PCE), em Cuiabá.

Os assassinatos, ocorridos na madrugada de sábado (14/9), teriam sido motivados por uma foto tirada uma semana antes e publicada por Rayane nas redes sociais, na qual ela e a irmã, no entendimento dos faccionados, estariam fazendo o sinal da facção rival Primeiro Comando da Capital (PCC).

Desde então, Rithiele e Rayane, que concorria pela primeira vez a um cargo público na cidade, ficaram marcadas pelo grupo. A imagem, registrada em um momento de lazer em família, no Rio Jauru, no dia 8 de setembro, circulou no grupo de WhatsApp do CV. Os sinais feitos por elas com a mão, mostrando três dedos em evidência, foram vistos como um suposto apoio ao PCC.

De dentro do presídio, o líder do CV na região, identificado como Véio nos depoimentos aos quais o Metrópoles teve acesso, teria ordenado o sequestro das jovens, conduzido por chamada de vídeo a tortura sofrida por elas em uma casa no Centro de Porto Espiridião e, em seguida, determinado as mortes.

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Foto das irmãs Rayane Alves e Rithiele Alves que teria motivado a morte delas por faccionados do Comando Vermelho
Rayane era candidata a vereadora pela primeira vez em Porto Esperidião (MT)
Jovem tinha 25 anos de idade
Rayane publicou fotos do dia em família nas redes sociais
Rayane Alves e Rithiele Alves
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Casa no Centro de Porto Esperidião (MT), onde ocorreram os assassinatos da candidata Rayane Alves e da irmã dela

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Foto das irmãs Rayane Alves e Rithiele Alves que teria motivado a morte delas por faccionados do Comando Vermelho

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Rayane era candidata a vereadora pela primeira vez em Porto Esperidião (MT)

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Jovem tinha 25 anos de idade

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Rayane publicou fotos do dia em família nas redes sociais

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Rayane Alves e Rithiele Alves

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Candidata a vereadora por Porto Esperidião (MT), Rayane Alves (Republicanos), e sua irmã, Rithiele Alves

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Líder do CV conduziu tortura com corte de dedos e cabelo

Em seu relato à polícia, após ser preso, Rosivaldo Silva Nascimento, o Badá, de apenas 19 anos, apresentou-se como um faccionado do Comando Vermelho e disse que havia sido o líder da missão (sequestro, tortura e morte das duas irmãs). Segundo ele, a ordem foi repassada pelo grupo da facção, por uma pessoa de dentro da PCE, chamada Véio.

Com a foto das irmãs em mãos, o grupo de Badá as identificou em uma festa que ocorria na cidade, na noite de sexta para sábado. Elas foram abordadas no local, questionadas sobre a foto publicada nas redes sociais e conduzidas, sob ameaça, até uma casa localizada na Rua Marechal Cândido, Centro de Porto Esperidião.

No local, Rosivaldo fez uma chamada de vídeo com Véio e, pelo celular, o tal líder do CV na região conduziu todo o processo de tortura e morte. Conforme os interrogatórios dos suspeitos presos, primeiro ele mandou cortar o cabelo das irmãs com uma faca e, em seguida, pediu R$ 100 mil para libertá-las com vida.

Sem a garantia do dinheiro, Véio mandou, então, cortar os dedos das vítimas. Rayane foi a primeira a ser torturada dessa forma. Ao todo, conforme o relato de Rosivaldo, o líder do CV ordenou o corte de três dedos da mesma mão da candidata.

Em seguida, a irmã Rithiele passou pelo mesmo processo. Os corpos de ambas, mortas a facadas, foram encontrados pela polícia em um dos quartos da residência, assim como mechas de cabelo e os dedos cortados. A chamada de vídeo com Véio teria durado em torno de três horas.

Irmão das vítimas teve orelha e dedo cortados

Quando as duas irmãs foram abordadas na festa, elas estavam na companhia do irmão mais velho, Roebster Alves Porto, do namorado de Rithiele e de um amigo. Os três rapazes também foram conduzidos pelo grupo de faccionados para a tal casa no centro da cidade. Ao chegarem ao local, os irmãos foram colocados em um quarto separado dos demais sequestrados.

Roebster também aparece na foto da família que o Comando Vermelho passou a utilizar como referência de suposto apoio ao PCC. Diante disso, ele também foi alvo de tortura física. De acordo com os depoimentos, o rapaz teve uma orelha e um dedo cortados pelos criminosos, mas foi encontrado com vida quando a polícia chegou ao local. Ele está hospitalizado e com quadro de saúde considerado estável.

Um dos demais capturados, Higor Felipe Bazan, conseguiu fugir do local durante a tortura dos três irmãos. Ele pulou o muro da casa, chegou a uma rua próxima e se dirigiu ao batalhão da Polícia Militar, onde relatou o que estava ocorrendo. Nesse momento, o grupo de criminosos ficou com medo da chegada dos policiais e abandonou o local.

Líder do CV falava que candidata queria roubar o poder dele

O depoimento de Higor relata, em detalhes, o que ocorreu. Segundo ele, o grupo, composto por cerca de oito pessoas, manteve contato telefônico com Véio, o líder do Comando Vermelho, durante todo o desenrolar da abordagem, desde a festa até a efetivação dos assassinatos.

O jovem diz que o líder da facção falava coisas sem sentido, dizendo que as irmãs eram ligadas ao PCC e que a candidata a vereadora (Rayane) queria tomar o poder dele na região. Ainda na casa, os faccionados, a mando de Véio, pegaram os celulares das duas e vasculharam em busca de alguma confirmação, mas não encontraram evidências.

A tal foto, com sinal suspeito, segundo Higor, na verdade, mostra Rayane e Rithiele fazendo o símbolo do “Rock” com as mãos. A imagem não teria qualquer relação com o PCC.

Prisão preventiva

Após a constatação do duplo assassinato, a polícia fez buscas na região e conseguiu prender quatro pessoas suspeitas de envolvimento no caso. Rosivaldo (o Badá), Maikon Douglas Gonçalves Roda, Lucas dos Santos Justiniano e Ana Cláudia Costa Silva foram encontrados em um hotel de Cáceres (MT). Eles haviam deixado Porto Espiridião em um táxi.

A Justiça converteu em preventiva a prisão em flagrante dos suspeitos. Nos interrogatórios, todos eles confirmaram o ocorrido e revelaram relação com a facção Comando Vermelho. Além disso, eles foram reconhecidos por testemunhas e sobreviventes.

A polícia do Mato Grosso apreendeu, ainda, quatro adolescentes suspeitos de participação no caso. Eles devem responder por atos infracionais correspondentes aos crimes imputados aos réus adultos. Conforme o inquérito, os presos serão indiciados por homicídio qualificado, tentativa de homicídio qualificado, tortura, associação criminosa e corrupção de menores.

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