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Preso denuncia regalias em cadeia do RJ: “Picanha, camarão, MC Donald’s”

Ex-detento revelou que encomendas são feitas a policiais e agentes penitenciários que trabalham nos presídios e que investimento custa caro

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complexo penitenciário de gericinó
1 de 1 complexo penitenciário de gericinó - Foto: Reprodução

Rio de Janeiro – Um ex-detento detalhou como funciona o esquema de pagamentos por regalias em cadeia no Rio de Janeiro. Com propina, os presos têm acesso à celular e TV a cabo, incluindo plataformas de streaming. Além disso, garantem a entrega de encomendas como drogas,  comidas (picanha, camarã0 e MC Donald’s), bebidas e visitas, tudo à vontade.

É o que revelou um ex-detento, que não teve o nome revelado, em entrevista à TV Globo. O homem contou que as encomendas são feitas a policiais e agentes penitenciários que trabalham nos presídios. Ele ficou quatro dias detido no Complexo Penitenciário de Gericinó, na zona oeste do RJ.

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40% dos presos que saíram da cadeia para o Natal no RJ ainda não retornaram

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A proximidade entre agentes e presos é grande e, segundo ele, manter essa boa relação custa caro. Em seu depoimento, o ex-preso contou que o acesso a um celular no presídio é muito fácil, desde que o preso aceite o alto investimento para comprar um aparelho. O valor é compensado pelo “serviço” clandestino, que oferece até chamadas de vídeo.

“Tem tabela de preços em relação aos aparelhos e não em relação a quem vai comprar. Independente do preso que vai comprar, seja um matador perigoso, um traficante, se um valor é para um, é para todos. Agora tem telefone, depende muito da unidade. Tem unidade, que hoje eu converso, que é dois mil (reais) o telefone”, explicou o homem.

O homem afirmou que fotos e vídeos dentro das cadeias também é liberado, dentro e fora das celas. Na reportagem, um preso mostra uma foto de um roteador e comemora ter conseguido Wi-Fi. “Agora tenho Netflix e Wi-Fi na cadeia, meu amor!”, comemora o criminoso.

‘Cardápio’ pago no presídio

Os valores dos produtos são bem salgados. A picanha, o camarão ou um lanche do MC Donald’s custam R$ 500 cada. Já um energético gira em torno de R$ 200. A entrada de drogas também é planejada. A maconha, por exemplo, é embrulhada em papel carbono para driblar o raio-x.

Quem tem dinheiro também tem direito a uma alimentação personalizada entre as regalias. Também no relato, o ex-preso afirmou que toda sexta-feira é preciso ter uma “certa quantia” de dinheiro na mão do diretor da unidade.

“Existe uma regra que toda sexta-feira tem que seguir uma certa quantia na mão do diretor. O diretor deixa a gente solto, entre aspas, para fazer o que a gente bem entende. (…) Na verdade, tendo dinheiro você consegue muita coisa, praticamente tudo”, pontua o ex-interno.

Em nota, a Secretaria de Administração Penitenciária informou que depois de receber as denúncias vai instaurar uma sindicância para esclarecer os fatos. E acrescentou que a nova administração repudia qualquer irregularidade nas unidades prisionais.

 

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