Presídio não conseguiu informar família sobre morte de Wanderson Mota
Réu por três homicídios em Goiás não recebia visitas e nem mantimentos de parentes na prisão. Família ainda não reivindicou o corpo no IML
atualizado
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Goiânia – O corpo de Wanderson Mota Protácio, de 21 anos, chegou ao Instituto Médico Legal de Aparecida de Goiânia, na região metropolitana, por volta das 13h desta terça-feira (18/1), mas ainda não foi reivindicado por algum familiar ou conhecido até as 16h30. Ele foi encontrado morto durante a manhã, amarrado em um lençol pelo pescoço, dentro da cela em que estava preso desde dezembro.
O criminoso chegou a ganhar o apelido de novo Lázaro pelo perfil de seus crimes e a fuga. Ele admitiu ter cometido um triplo homicídio em Corumbá de Goiás em 28 de novembro do ano passado. As vítimas eram sua companheira, de 21 anos, a filhinha dela, de 2 anos, e um fazendeiro vizinho de 77 anos. Depois dos crimes, ele fugiu durante dias e foi se entregou à polícia em 4 de dezembro.
O exame feito no cadáver no IML de Aparecida por uma equipe de especialistas tem o objetivo de identificar qual foi a causa da morte. A Diretoria Geral de Administração Penitenciária (DGAP) suspeita que tenha sido suicídio.
Sozinho
Wanderson não recebeu visitas de familiares ou conhecidos neste tempo em que esteve preso. Além do triplo homicídio recente, ele responde por outros crimes (uma tentativa de homicídio em Goiás em 2019 e um homicídio em Minas Gerais no início de 2020).
A equipe da assistência social do sistema prisional de Goiás está tentando entrar em contato com parentes de Wanderson para comunicar o falecimento desde a manhã. Mas nenhum dos três telefones disponíveis estão atendendo.
A família estava sem informações sobre a morte até por volta das 16h30.
Além de visitas, o caseiro também nunca recebeu a chamada “coval”, que são os mantimentos entregues uma vez por semana por familiares, como alimentos e produtos de limpeza.
O criminoso encontrava-se detido no Núcleo de Custódia do Complexo Prisional de Aparecida, que é a unidade de segurança máxima de Goiás. Ele estava sozinho na cela, conforme a DGAP.
Wanderson foi encontrado morto por volta das 7h20, quando um servidor do presídio teria ido fazer a entrega do café da manhã.
Ele foi chamado até a porta da cela para pegar a refeição, mas não respondeu. Com isso, policiais penais teriam entrado na cela e encontrado o homem já morto.
Crimes em sequência
Os crimes em série de Wanderson Protácio teriam sido praticados no fim da tarde de domingo (28/11). De acordo com a Polícia Civil, o jovem teria matado a facadas a própria esposa, Raniere Aranha Figueiró, de 19 anos, e a filha dela, Geysa Aranha da Silva Rocha, de 2 anos.
Na sequência, o caseiro invadiu a casa de um vizinho, roubou o revólver dele e matou a tiros o produtor rural Roberto Clemente de Matos, de 73 anos. Ele teria cometido o crime para roubar uma camionete. Neste mesmo episódio, teria tentado estuprar a esposa da vítima, de 45 anos, não conseguiu e a baleou. A mulher sobreviveu.
A caminhonete roubada foi abandonada em uma rodovia da região. Wanderson vendeu o celular que pertencia a sua esposa a um receptador de Alexânia, que acabou sendo preso. Da cidade, ele fugiu de táxi pelo menos até Abadiânia. Um taxista confirmou ao Metrópoles que fez a viagem.
Veja imagens das buscas pelo suspeito:
Crimes no currículo
Essa onda de crimes não é única passagem de Wanderson pelo mundo do crime. A primeira morte teria ocorrido quando ele ainda era adolescente, aos 13 anos. Em um desentendimento familiar, ele teria matado a facadas o tio da então namorada. Depois disso, fugiu para Goiás, onde foi viver em Goianápolis.
Em dezembro de 2019, ele esfaqueou várias vezes uma jovem de 18 anos no dia do aniversário dela. O caso foi em Goianápolis. O agressor só parou com os ataques porque a faca quebrou. Ele chegou a ser preso pela tentativa de feminicídio. À época, em uma audiência, ele zombou do episódio. O jovem foi solto em março de 2020.
Em 25 de novembro aquele ano, Wanderson se envolveu em outro crime, dessa vez em Minas Gerais. Ele é apontado como participante na morte do taxista Maurício Lopes Mariano, de 25 anos, em São Gotardo. Ele foi preso na região junto com outras três pessoas (dois adolescentes). O taxista teria sido amarrado com o cinto de segurança e esfaqueado até a morte.
Chama a atenção o caso de Wanderson e as semelhanças com a história do criminoso Lázaro Barbosa, de 32 anos, que cometeu crimes em série no Entorno do DF em junho deste ano. Após cometer homicídios em sequência, o também caseiro passou 20 dias fugindo das forças policiais na região, até ser morto em um confronto no dia 28 de junho. Wanderson, aliás, confessou a amigos ser fã do Lázaro original.
Imagens do dia da prisão: