Para Sánchez, Lula fala de “insensatez e falta de pudor” de Bolsonaro
Os presidentes se reunirão para falar de questões internacionais, como as guerras na Faixa de Gaza e Ucrânia, além de debater a democracia
atualizado
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebeu, na manhã desta quarta-feira (6/3), o presidente de governo da Espanha, Pedro Sánchez, no Palácio do Planalto. Os chefes de Estado debateram questões internacionais, como a guerra da Rússia com a Ucrânia, e a situação na Faixa de Gaza. Eles conversaram também sobre o reforço à democracia.
Ao lado de Sánchez, Lula relembrou ao colega sobre a reunião do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) com embaixadores, em 2022, para questionar a lisura das eleições no Brasil. “Há dois anos, o [então] presidente teve insensatez, falta de pudor, falta de vergonha de convocar todos os embaixadores, os da União Europeia”, contou.
“Estiveram reunidos com presidente da República para ele insinuar aos embaixadores do mundo inteiro que eleições no Brasil não eram honestas, que ele ia ser roubado, que eleições não eram confiáveis”, afirmou.
O chefe do Executivo brasileiro relembrou o ocorrido para alertar contra críticas às eleições na Venezuela, marcadas para 28 de julho. “A gente não pode já começar a jogar dúvida antes das eleições acontecerem, porque aí começa a ter discurso antecipadamente que vai ter problema. Temos que garantir presunção da inocência, até que haja eleições para que a gente possa julgar se foi democrático”, disse.
“Estou feliz que finalmente está marcada a data das eleições da Venezuela. Espero que as pessoas disputando não tenham o habito do ex-presidente desse país, de negar em todo processo as urnas, a Suprema Corte, e ofender aos eleitores que não votaram nele”, completou.
Acompanhe aqui:
No mesmo dia em que recebeu o presidente espanhol, Lula publicou um texto no jornal El País, no qual escreveu sobre a aliança das duas nações pela democracia e o combate às desigualdades.
Faixa de Gaza e ONU
Lula condenou o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) por não ter chegado a uma resolução para a guerra entre Israel e o grupo Hamas, da Palestina. Uma das consequências do conflito é um estado de calamidade na Faixa de Gaza.
Dentre as críticas, o presidente brasileiro disse que o Conselho “representa muito pouco ou quase nada” do mundo, porque membros do grupo “fazem guerra sem discutir”.
“O Conselho tem obrigação de tomar atitude, abrir corredor humanitário, permitir que chegue alimento, água, remédio, que as pessoas sejam tratadas”, cobrou.
Sánchez adotou um tom mais ameno e apontou que a posição da Espanha é esperar por uma “solução em conferência internacional da paz” e pelo “fim das hostilidades de qualquer natureza”, além do “reconhecimento” de dois Estados, o da Palestina e o de Israel.
“Em torno desses pilares podemos trabalhar com o governo brasileiro pela paz no caso da Palestina”, concluiu.
Acordo do Mercosul e UE
O presidente brasileiro disse estar “otimista” e “pronto” para firmar o acordo de cooperação entre Mercosul e União Europeia. A ratificação do termo quase ocorreu no fim de 2023, mas o processo foi barrado pela França.
“A França há muito tempo traz um problema com os produtores agrícolas. Minha tranquilidade é que a União Europeia não depende do voto da França”.
Agenda do dia
Sánchez subiu a rampa do prédio ao lado de Lula e, depois, foi cumprimentado por uma comitiva de ministros brasileiros.
Primeiro, houve uma reunião apenas entre os dois presidentes. Entre os principais temas em pauta estão os conflitos em curso na Ucrânia e na Faixa de Gaza; as relações bilaterais; e o acordo entre Mercosul e União Europeia, quase fechado no fim do ano passado, mas ainda em aberto após resistência da França. Sánchez, inclusive, foi um dos grandes apoiadores para selar as tratativas econômicas entre os dois blocos.
Depois, houve a declaração à imprensa e partirão para um almoço no Palácio Itamaraty. Após a agenda em Brasília, o presidente da Espanha partirá na quinta-feira (7/3) para São Paulo, onde terá um encontro com o governador Tarcísio de Freitas, aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).