Presidente do INSS critica plano da gestão Bolsonaro de privatizar Dataprev
Stefanutto criticou a inclusão da empresa de tecnologia (Dataprev) no plano de privatização. Governo Lula cancelou processo em abril
atualizado
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O presidente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Alessandro Stefanutto, disse nesta quarta-feira (19/7) que houve um “hiato” na Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência (Dataprev) nos últimos anos e criticou a inclusão dela no Programa Nacional de Desestatização (PND), feita no governo Jair Bolsonaro (PL).
Em abril, o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) revogou a qualificação de sete empresas no âmbito do Programa de Parcerias de Investimentos da Presidência da República (PPI), entre elas a Dataprev.
“Acabamos tendo um hiato nos últimos anos de investimentos e outros problemas”, iniciou Stefanutto. Segundo ele, a inclusão da empres nesse plano paralisa os investimentos e desestimula os servidores.
Em seguida, chefe do INSS frisou que a Dataprev é o maior banco de dados do Brasil e objeto de discussão da Lei Geral de Proteção de Dados (LGDP) e defendeu que é interesse do Estado ter a guarda desse banco.
“Tudo isso faz com que seja um interesse de Estado portar esses dados. Dados que são de fundamental importância e de interesse do Estado. A inclusão da Dataprev e de outras empresas em planos de desestatização fez a gente andar alguns anos para trás. Isso está sendo diagnosticado agora e, em alguma maneira, pesa no INSS”, continuou ele.
O presidente do INSS frisou que, apesar do que chamou de “problemas de falta de investimento e falta de foco” nos últimos anos, a Dataprev foi indispensável aos brasileiros durante a pandemia. “Naquele momento, tanto o SUS quanto a Dataprev foram fundamentais para os brasileiros.”
Na mesma direção, o presidente da Dataprev, Rodrigo Assumpção, também usou a palavra “hiato” para falar dos últimos anos, “que não é apenas o governo Bolsonaro, mas depois do golpe e tudo o mais”, disse ele.
Troca recente no INSS
Stefanutto está no comando do instituto desde o início de julho. Ele entrou no lugar de Glauco Fonseca Wamburg.
Funcionário de carreira do instituto, Wamburg estava como presidente interino do órgão desde o início do governo Lula e foi exonerado após o Metrópoles revelar farra de gastos em passagens aéreas, sobretudo para o Rio de Janeiro, onde ele possui residência fixa.
Até então diretor de Orçamento do órgão, Stefanutto é filiado ao PSB, partido do vice-presidente Geraldo Alckmin. É procurador federal de carreira da AGU e já atuou como procurador-chefe do próprio INSS.