Presidente do Conass sobre Queiroga: “Perdeu as condições de gerir a pasta”
Secretário do Maranhão, Carlos Lula cita episódio em Nova York e suposta interferência de Bolsonaro no MS para questionar atual gestão
atualizado
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O presidente do Conselho de Secretários Estaduais de Saúde (Conass), Carlos Eduardo Lula, declarou em entrevista à Folha de S.Paulo que Marcelo Queiroga não tem mais condições de continuar à frente do Ministério da Saúde. Para o secretário maranhense, o episódio dos gestos obscenos protagonizado por Queiroga em Nova York e a avaliação de que Jair Bolsonaro (sem partido) é quem de fato toma as decisões da pasta federal embasam as declarações.
“Uma vergonha. Lamento muito. Tem muita gente boa no ministério, de muitos anos de serviço prestado para o SUS, que não merecia ter esse tipo de gestor. Ele perdeu as condições de gerir a pasta com essa atitude, [perdeu condições] de continuar como ministro. Mas talvez com o presidente ele tenha se fortalecido”, disparou o secretário.
Com o afastamento do titular, diagnosticado com Covid-19 durante viagem aos Estados Unidos, onde estava com a delegação brasileira para a Assembleia Geral da ONU, Rodrigo Cruz assumiu interinamente a pasta. Na primeira reunião presencial do Conass com o ministério, Cruz foi aplaudido pelos secretários estaduais de Saúde. Queiroga, segundo Lula, “tenta apenas passar um verniz de tecnicidade.”
Todo o mundo precisa vacinar
Na entrevista, Carlos Eduardo ainda se posicionou a favor do uso de máscaras – ao menos até que o percentual de vacinados atinja um patamar seguro. “A gente está com 40% da população com duas doses. Acho que a gente tem que atingir pelo menos o dobro disso para entender se a gente vai ou não tirar a máscara. Alguns casos deixam a gente reticente em relação ao que vai ser a doença. Por exemplo, teve um caso de navio essa semana que, mesmo todo mundo vacinado, teve surto”, declarou.
Lula também destacou o que considera como necessidade da vacinação a nível global para deixar a pandemia para trás. De acordo com ele, “a gente vai ter que discutir, inclusive em países mais pobres, que tipo de ajuda os outros países vão ter que dar para a gente avançar na vacinação de todo o mundo”, além de considerar que “muitas fronteiras de cuidado” inspiradas pela pandemia caíram no último mês, como “shows e jogos de futebol”. Assim, é preciso esperar os números de outubro “para ver se esses eventos serão capazes ou não de implicar em um aumento no número de casos.”