Presidente da Caixa fala em “transformar crise em grande oportunidade”
Na cerimônia de posse, Daniella Marques ressaltou ainda seu “compromisso com as mulheres e com o crescimento do banco”
atualizado
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Daniella Marques Consentino tomou posse oficialmente como presidente da Caixa Econômica Federal (CEF) nesta terça-feira (5/7). Em cerimônia realizada na Caixa Cultural Brasília, Daniella reafirmou ter “compromisso com as mulheres e com as políticas do banco”.
Ao lado do presidente Jair Bolsonaro (PL) e da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, a nova gestora ressaltou: “Começo a reescrever um novo capítulo na história de 161 anos da Caixa. Não vamos esperar os resultados das investigações [de assédio sexual e moral]. A partir de hoje, a Caixa será a mãe da causa das mulheres. Vamos promover as mulheres em todas as dimensões”, disse.
Ela voltou a frisar a criação de canais de denúncia e combate a qualquer tipo de assédio, sem perder as oportunidades de fazer o banco crescer. “Vamos ajudar o Brasil a se recuperar do maior choque econômico que viveu na sua história. A Caixa será uma referência, tendo como farol a sustentabilidade. Transformaremos essa crise em uma grande oportunidade”, declarou.
Daniella ainda continuou: “Hoje é um dia muito importante para mim. É um dia de conscientização. Estou ciente dos desafios. Faço meu compromisso. Todas as providências serão tomadas. Tenho todo apoio para isso. Existem inúmeras barreiras impostas para nós mulheres. A superação é importante para o banco, para a sociedade”, afirmou.
No comando do banco, a nova presidente ainda ressaltou que pretende formar sua própria equipe. Até o momento, ela anunciou ter afastado ao menos seis pessoas que faziam parte da cúpula de Pedro Guimarães, que perdeu o cargo após as denúncias de assédio sexual e moral divulgadas pela coluna do Rodrigo Rangel, no Metrópoles. Saíram a chefe de gabinete do antigo presidente e cinco consultores estratégicos, que não tiveram os nomes revelados. O número, no entanto, pode chegar a 20 após a saída de Guimarães.
Um dos nomes anunciados por Marques para compor sua equipe é o da advogada Danielle Calazans, atual secretária de Gestão Corporativa do Ministério da Economia. Com mais de 15 anos de trabalho como servidora da Caixa, Calazans será a responsável por conduzir a reestruturação de negócios do banco.
Durante a cerimônia, a presidente ainda reafirmou a criação de um canal de diálogo para as mulheres. Segundo ela, o apoio às funcionárias funcionará 24 horas por dia, 7 dias por semana.
Ministro da Economia
Daniella é amiga do ministro da Economia, Paulo Guedes, e trabalhou com ele nos últimos anos como interlocutora do governo na Câmara dos Deputados e no Senado. Durante a cerimônia, o ministro elogiou a colega. “Ela é um exemplo. Entra para compor um time de mulheres. Ela entrou no cargo e será a ponta esquerda do time”, afirmou. Na mesma hora, em clima de descontração, Guedes foi repreendido por Bolsonaro: “Diz que ela será a ponta direita”, disse o presidente.
“A Dani representa um espírito de mulheres. E nós estamos falando isso porque é um tema importante. As mulheres precisam ser protegidas do ponto de vista pessoal para adquirir ou desenvolver suas habilidades no sentido pessoal e profissional”, declarou Guedes durante a cerimônia.
Qualificações
Daniella afirmou que vai zelar pelos 90 mil trabalhadores que fazem parte do corpo da instituição financeira. “As pessoas não devem ser qualificadas por gênero, cor ou opção sexual. Cada um tem sua habilidade, sua vocação, e deve ser valorizado por isso”, frisou durante entrevista.
O ex-presidente da Caixa Pedro Guimarães foi demitido por denúncias de assédio sexual contra funcionárias. A troca foi oficializada na noite da última quarta-feira (29/6), com ato publicado em edição extra do Diário Oficial da União (DOU).
Desde 2 de fevereiro de 2019, Daniella Marques ocupava o cargo de secretária especial de Produtividade e Competitividade do Ministério da Economia. Antes, atuou como chefe da Assessoria Especial de Assuntos Estratégicos de Paulo Guedes.
Daniella Marques é formada em administração pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) e fez MBA (modalidade de pós-graduação) em finanças pelo Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec).
Antes de entrar no governo, atuou no mercado financeiro por 20 anos, em gestão independente de fundos de investimentos. Foi também sócia-fundadora e diretora de fundos de investimento.
A relação profissional com Guedes teve início na Bozano Investimentos, empresa na qual os dois foram sócios. Como assessora do ministro, Daniella participava das decisões importantes e costumava ir, a mando do economista, para negociações com o Congresso e com o Palácio do Planalto.
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