Presidente da Alesp cita “excesso” e repudia falas de bolsonarista contra papa
Deputado Frederico D’Avila chamou papa de “safado” e “vagabundo”; Carlão Pignatari repudiou falas, mas não falou em punição
atualizado
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São Paulo – O deputado estadual Carlão Pignatari (PSDB-SP), presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), repudiou as falas do deputado Frederico D’Avila (PSL-SP) e pediu desculpas ao Papa e a dom Orlando Grandes, arcebispo de Aparecida.
“Em nome de todo o parlamento paulista, como presidente desta Casa, repudio todo e qualquer uso da palavra que vá além da crítica e que se constitua em ataques, extrapolando os limites da liberdade de expressão e da imunidade parlamentar, concedida aos representantes públicos eleitos”, afirmou. Entretanto, Pignatari não mencionou punições.
A deputada Carla Morando (PSDB) representou contra D’Avila no Conselho de Ética da Alesp. A representação deverá ser discutida e votada. A parlamentar pediu que seja pautada com urgência.
Entenda o caso
Na última quinta-feira (14/10), o deputado bolsonarista Frederico D’Avila fez uma série de ofensas a Dom Orlando Brandes, à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e ao papa Francisco em discurso na Alesp. D’Avila chamou os religiosos de “safados”, “vagabundos” e “pedófilos”.
“Seu safado da CNBB dando recadinho para o presidente [Bolsonaro], para a população brasileira, que pátria amada não é pátria armada. Pátria amada é a pátria que não se submete a essa gentalha. (…) Seu vagabundo, safado, que se submete a esse papa vagabundo também. A última coisa que vocês tomam conta é do espírito, do bem-estar e do conforto da alma das pessoas. Você acha que é quem para ficar usando a batina e o altar para ficar fazendo proselitismo político? Seus pedófilos safados, a CNBB é um câncer que precisa ser extirpado do Brasil”, disse.
Alesp
Em seu discurso nesta segunda-feira (18/10), o presidente Pignatari disse que “para o político, o dom da palavra é um direito inalienável”, mas que “encontra limites no respeito pessoal e da própria lei” e “não comporta a irresponsabilidade e o crime”.
“Da tribuna fala o povo, que por cultura da sociedade brasileira, comunga da união e do amor ao próximo, independentemente do seu credo. A tribuna é ponto de convergência, permitindo opiniões contrárias, mas jamais a pregação do ódio”, disse. “Em nome do Parlamento paulista, eu rogo um pedido expresso de desculpas ao papa Francisco e a dom Orlando Grandes, arcebispo de Aparecida, a quem empregamos nossa mais incondicional solidariedade”.
E acrescentou: “Vir à tribuna, lugar mais importante desta assembleia, para proferir ofensas é algo que não pode ser aceito. Em nome do parlamento paulista, é nosso dever o reestabelecimento do respeito, antes de tudo, à democracia. Peço desculpas também a todos que se sentiram ofendidos pelas palavras que não representam a opinião da Assembleia Legislativa de São Paulo. Acredito que o parlamentar também reconheça seu excesso e o espaço permanece livre para eventual retratação”.