Prefeitos cobram Bolsonaro a “estancar as milhares de mortes”
Confederação Nacional de Municípios envia carta pedindo que o presidente “assuma de uma vez por todas o papel de coordenação nacional”
atualizado
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Em um apelo para que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) mude seu comportamento frente à pandemia de coronavírus, a Confederação Nacional de Municípios (CNM) divulgou carta na tarde desta terça-feira (23/3). O documento pede que o presidente “assuma, de forma inadiável, seu dever de coordenar a nação, respeitando a população, a ciência e a comunidade internacional com a humanidade e a empatia exigidas de um chefe de Estado”.
A carta é assinada pelo presidente da CNM, Glademir Aroldi (Progressistas), que lembra o agravamento da pandemia neste momento e pede a Bolsonaro para “focar no presente, produzir resposta efetiva, colocar a evidência científica como norte e despolitizar a pandemia, superando divergências e priorizando a defesa da vida para estancar as milhares de mortes e aplacar o sofrimento das famílias brasileiras”.
Bolsonaro convocou para 20h30 desta terça um pronunciamento em rede nacional de TV e rádio, no qual deverá falar da pandemia e de vacinação.
O discurso do presidente em rede nacional ocorrerá no momento em que o Brasil vive o auge da pandemia e se aproximando das 300 mil mortes. A previsão é que a fala dure quatro minutos.
Veja a íntegra da carta dos prefeitos ao presidente:
“Carta aberta ao presidente da República
O Brasil vive o maior colapso sanitário e hospitalar de sua história, tornando-se epicentro mundial da pandemia. Diante desse triste cenário, a Confederação Nacional de Municípios (CNM), no exercício de representação dos Municípios brasileiros e de seus governantes, conclama ao presidente da República que assuma de uma vez por todas o papel constitucional de coordenação nacional no enfrentamento da Covid 19 no país, promovendo o alinhamento entre as esferas de governo e de poder.
Prefeitos cobram Bolsonaro a despolitizar pandemia e estancar as milhares de mortes
É hora de focar no presente, produzir resposta efetiva, colocar a evidência científica como norte e despolitizar a pandemia, superando divergências e priorizando a defesa da vida para estancar as milhares de mortes e aplacar o sofrimento das famílias brasileiras.
Agora, na pior fase da pandemia, com resultados trágicos cuja dimensão social e econômica ainda é incalculável, o movimento municipalista reitera que a soma de esforços representa o único e inadiável caminho, no qual o papel de coordenação da União faz-se indispensável.
Dessa forma, o presidente da República deve estar pessoalmente empenhado na execução de campanha de comunicação em prol da eficácia e da segurança das vacinas, além da defesa das medidas não farmacológicas, como o distanciamento social, o uso de máscaras e álcool gel, que vêm sendo adotadas em todo o país por Estados e Municípios. Faz-se urgente também a implementação de medidas pela União nas atividades de âmbito nacional, dando maior efetividade às ações dos demais Entes federados.
Não cabe transferência de responsabilidades neste momento dramático. É urgente que todas as autoridades públicas de todos os Poderes, da União, dos Estados e dos Municípios, bem como a sociedade brasileira, trabalhem de forma harmônica e colaborativa. Esse alinhamento é o único caminho para frear o crescimento geométrico de casos diante de um sistema de saúde colapsado, com esgotamento estrutural e pessoal.
Urgem ações emergenciais para o fomento à produção e à importação de neurobloqueadores e oxigênio, além de uma operação logística nacional para o monitoramento e o remanejamento desses insumos no território. Uma nação não pode aceitar cidadãos morrendo sufocados ou tendo que suportar dores indescritíveis decorrentes de intubação sem anestesia. O Brasil está em guerra contra o vírus e, na guerra, todos têm responsabilidades. A União precisa reorientar as plantas produtivas à disposição no país e, mais do que nunca, mobilizar a diplomacia internacional a fim de garantir as condições necessárias, para responder a esta batalha.
As prefeitas e os prefeitos do Brasil fazem a sua parte e continuarão não medindo esforços para exercer seu papel de corresponsabilidade, mas precisam e clamam para que o presidente da República assuma, de forma inadiável, seu dever de coordenar a nação, respeitando a população, a ciência e a comunidade internacional com a humanidade e a empatia exigidas de um Chefe de Estado.
Brasília, 23 de março de 2021.
Glademir Aroldi
Presidente da CNM”