Prefeito do interior de Goiás aumenta o próprio salário em quase 70%
Cidade de Ipameri tem pouco mais de 25 mil habitantes. Prefeito aproximou seu salário ao do prefeito de SP, que tem 12,33 milhões de pessoas
atualizado
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Goiânia – O município de Ipameri, comandado pelo prefeito Jânio Pacheco (União Brasil), tem uma população estimada em 25.548 pessoas, de acordo com o Censo de 2022. No ranking de população dos municípios, a cidade está na 46ª colocação no estado; na 98ª colocação na região Centro-Oeste e na 1.318ª colocação no Brasil.
No entanto, em um quesito o município está entre os destaques do país: o salário do prefeito. Jânio, mais conhecido como Janinho, aumentou o próprio salário de R$ 17.081,00 para R$ 28.716,00. Um aumento de quase 70%.
De acordo com o portal do Cidadão, do salário de R$ 28.716,00, o prefeito tem descontado R$ 7.647,89, deixando um salário líquido de R$ 21.068,72. Conforme o portal, ele foi admitido no dia 1º de janeiro de 2021, para uma carga horário de 40h semanais.
Para se ter uma ideia, o salário do gestor municipal do interior de Goiás é mais alto do que de prefeitos de cidades como Fortaleza, Salvador e Manaus e se aproxima bastante do prefeito da própria capital goiana.
Veja o ranking dos salários dos prefeitos da capitais brasileiras:
- Aracaju (R$ 36.995,39)
- João Pessoa (R$ 30.879,78)
- São Paulo (R$ 27.244,62)
- Belo Horizonte (R$ 26.343,28)
- Florianópolis (R$ 26.198,15)
- Curitiba (R$ 25.779,64)
- Rio de Janeiro (R$ 24.751,97)
- Natal (R$ 23.449,17)
- Palmas (R$ 21.741,36)
- Goiânia (R$ 21.489,55)
- Porto Velho (R$ 21.464,92)
- Manaus (R$ 19.824,17)
- Recife (R$ 18.792,17)
- Salvador (R$ 18.741,09)
- Belém (R$ 18.591,92)
- São Luís (R$ 18.507,46)
- Teresina (R$ 17.690,57)
- Boa Vista (R$ 17.188,07)
- Porto Alegre (R$ 16.666,90)
- Campo Grande (R$ 15.642,16)
- Fortaleza (R$ 15.588,15)
- Cuiabá (R$ 14.971,45)
- Maceió (R$ 14.746,17)
- Macapá (R$ 14.221,59)
- Vitória (R$ 12.705,25)
- Rio Branco (R$ 10.419,16)
Denúncia e revolta contra prefeito
Moradores de Ipameri procuraram o Metrópoles para relatar a situação.
“Moradores enfrentam dificuldades financeiras e o município necessita de investimentos em áreas críticas como saúde, educação e infraestrutura. O ato de Pacheco demonstra uma total desconexão com a realidade dos cidadãos que ele deveria servir, além de uma falta de compromisso com a ética e a responsabilidade fiscal”, aponta a denúncia.
Ainda de acordo com os residentes do município, o prefeito, que já foi vereador por seis vezes, teria criado pastas municipais para empregar familiares. Conforme os moradores, a cidade tem 15 pastas das quais parentes de Janinho estão em chefias de gabinete, com salários acima de R$ 10 mil.
Entre elas, a Secretaria para Assuntos Extraordinários, comandada por Jailson Pacheco; a Secretaria Municipal de Promoção Social, liderada por Eliana Pimenta Pacheco; e também a Secretaria Municipal de Articulação, com Marnnen Pacheco.
Comparação
Para efeito de comparação, a cidade de Anápolis, a cerca de 55 km da capital goiana, com uma população de 391 mil habitantes, e um PIB de 17,8 bilhões, possui possui apenas oito secretarias.
“A atitude de Janinho não apenas sobrecarrega os cofres públicos, mas também evidencia uma prática nociva de aparelhamento da máquina pública para beneficiar familiares e aliados políticos, algo que vai na contramão dos princípios de transparência e responsabilidade fiscal”, diz o relato recebido pelo portal.
O Metrópoles tentou entrar em contato com a prefeitura de Ipameri, bem como com o prefeito Jânio Pacheco, via telefone, e-mail e redes sociais, mas até o fechamento desta reportagem, não houve retorno. O espaço segue aberto para manifestações.