Prefeito diz que morte de Dom e Bruno é “crime bárbaro e cruel”
Um dos suspeitos confessou que jornalista inglês e indigenista foram mortos em um ataque no Vale do Javari, no Amazonas
atualizado
Compartilhar notícia
O prefeito de Atalaia do Norte (AM), Denis Paiva (PSC), lamentou o assassinato do indigenista Bruno Araújo Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips.
O político afirmou, em nota, que a tragédia é um “crime bárbaro e cruel”. Um dos suspeitos confessou que Bruno e Dom foram mortos em um ataque no Vale do Javari, no Amazonas.
“Um crime bárbaro e cruel que tirou a vida de dois apaixonados pela Amazônia, profissionais que desempenhavam trabalhos de extrema relevância para a preservação dos Povos Indígenas do Vale do Javari, principalmente os povos isolados e de recente contato localizados no nosso município”, disse a nota.
Os irmãos Amarildo da Costa de Oliveira, conhecido como “Pelado”, e Oseney da Costa de Oliveira, conhecido como Dos Santos, são os principais suspeitos. Inicialmente, a investida teria ocorrido por Dom e Bruno terem flagrado pesca ilegal na região.
Fontes da Polícia Federal informaram, na tarde desta quarta-feira (15/6), que os dois irmãos confessaram ter matado a dupla. As mesmas fontes revelaram ao Metrópoles que Pelado teria confessado “parte” do crime.
Segundo o relato de um dos integrantes da PF, o suspeito teria dito que sabe quem executou o jornalista e o indigenista, mas que não participou diretamente dos homicídios. Teria, contudo, ajudado a queimar e a enterrar os corpos. Ele levou investigadores ao local onde estariam os corpos das vítimas na tarde desta quarta-feira.
As buscas pelo jornalista e pelo indigenista duraram 11 dias. A Polícia Federal concentrou os esforços nos últimos dias em áreas próximas ao Rio Itaquaí, onde objetos pessoais dos desaparecidos foram encontrados.
Dom Phillips e Bruno Araújo Pereira se deslocavam com o objetivo de visitar a equipe de vigilância indígena que atua perto do Lago do Jaburu. O jornalista pretendia realizar entrevistas com os habitantes daquela região.
De acordo com relatos, o desaparecimento ocorreu no trajeto entre a comunidade Ribeirinha São Rafael e a cidade de Atalaia do Norte.
As vítimas
Bruno é considerado um dos indigenistas mais experientes da Fundação Nacional do Índio (Funai).
No órgão desde 2010, ele foi coordenador regional da Funai de Atalaia do Norte por cinco anos. Em 2019, após combater mineração ilegal em terras indígenas, Bruno foi dispensado do cargo de chefia.
A exoneração do servidor ocorreu no momento em que o presidente Jair Bolsonaro (PL) apresentou um projeto para liberar garimpos nas reservas.
O indigenista está licenciado da Funai e atualmente faz parte do Observatório dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas Isolados e de Recente (Opi).
Bruno é alvo constante de ameaças, devido ao trabalho desempenhado junto aos indígenas, contra invasores.
Jornalista preparava livro
Dom Phillips é um jornalista colaborador do veículo britânico The Guardian. Ele se mudou para o Brasil em 2007 e mora em Salvador.
Com apoio da Fundação Alicia Patterson, Phillips trabalha em um livro sobre meio ambiente.
Além do Guardian, Phillips já publicou textos no Financial Times, New York Times, Washington Post e em agências internacionais de notícias.
Receba notícias do Metrópoles no seu Telegram e fique por dentro de tudo! Basta acessar o canal: https://t.me/metropolesurgente.