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Prefeito diz que Bolsonaro não foi vacinado em Cabeceiras e apura caso

Investigação mira esquema de fraude em cartões de vacinação que teria envolvido profissional de Saúde do município goiano

atualizado

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1 de 1 goias tuta prefeito cabeceiras - Foto: Reprodução/Redes sociais

Goiânia – O prefeito de Cabeceiras, município no interior goiano onde teria sido feito um suposto esquema de fraude nos cartões de vacinação do ex-presidente Jair Bolsonaro, disse que o ex-chefe do Executivo, bem como outros alvos da Polícia Federal, não foram imunizados na cidade. Segundo Everton Francisdo de Matos (PDT), conhecido como Tuta, ele vai apurar a conduta do médico apontado no caso.

Apoiador do ex-presidente, o prefeito lamentou a situação e determinou à equipe jurídica que abra processo administrativo contra o médico envolvido no caso.

Operação da Polícia Federal realizada na manhã desta quarta-feira (3/5) cumpriu mandados de busca e apreensão da casa de Bolsonaro. Outras seis pessoas foram presas, entre elas, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente.

Sem vacina

Em entrevista concedida ao jornal O Globo, o prefeito Tuta afirmou que nenhum membro da família de Bolsonaro ou qualquer assessor se vacinou no município.

“Não tem registro nenhum aqui. Já consultamos nossos relatórios. O município está isento disso, agora vamos apurar a responsabilidade do médico. Vamos abrir um processo administrativo. Nossa equipe jurídica já está cuidando disso, pois a atitude desse profissional acaba prejudicando todos da área da saúde”, disse o prefeito ao jornal.

O sargento Luiz Marcos dos Reis, que era subordinado ao tenente-coronel Mauro Cid no Palácio do Planalto, teria acionado um sobrinho que era médico em Cabeceiras, cidade com menos de oito mil habitantes no interior de Goiás, para operar a fraude.

O sobrinho do sargento, o médico Farley Vinicius Alcântara, é apontado como responsável por fornecer um documento assinado e carimbado por ele atestando que a mulher de Cid, Gabriela Santiago Ribeiro Cid, se imunizou contra a Covid-19 no município.

Acesso a documentos

A coordenadora de atenção básica da Saúde de Cabeceiras, Regina Justo da Silva, informou que Farley atuou no município entre entre os anos de 2018 e 2021, como plantonista e nos fins de semana. Segundo ela, o médico tinha acesso aos cartões de vacina e demais documentos relacionados à imunização, como qualquer outro profissional de saúde.

Ao jornal, a equipe de saúde disse acredita que o médico tenha se aproveitado do acesso à sala de vacinação do hospital municipal, quando dava plantão, para se apropriar ilegalmente do material que seria usado na falsificação dos cartões. Ainda de acordo com ela, a movimentação aconteceu sem qualquer conhecimento dos demais profissionais da cidade.

Arquivo

Um documento obtido pelo Globo mostra ainda que Luiz Marcos dos Reis teria enviado um PDF “Cartão arquivo de vacinação” para Mauro Cid, às 19h11 de 21 de novembro de 2021. O PDF informa que a esposa do tenente-coronel teria recebido duas doses da vacina contra a Covid-19 do laboratório Biotech (Pfizer), em 17 de agosto e em 9 de novembro daquele mesmo ano, nas unidades básicas de saúde de Cabeceiras, mesmo mecanismo se estendeu a Bolsonaro e familiares.

A partir desses documentos, houve a tentativa de registro das informações no Sistema Único de Saúde (SUS), por meio de computadores ligados à Secretaria Municipal de Saúde de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense (RJ), para que elas pudessem ser consideradas oficiais.

Com a medida, Bolsonaro e as pessoas próximas conseguiriam, por exemplo, realizar viagens internacionais a países que exigiam a imunização contra Covid na entrada. O lote de vacinas informado havia sido enviado para Goiás, o sistema rejeitou os dados. Foi necessário então que se conseguisse outro número de lotes do Rio para que o registro fosse confirmado.

Operação

A Polícia Federal (PF) prendeu, nesta quarta-feira (3/5), o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, e fez buscas na casa do ex-presidente, em um condomínio de Brasília. Os mandados foram cumpridos em uma operação que investiga a inserção de dados falsos de vacina contra a Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde por aliados de Bolsonaro.

A coluna apurou que, entre as figuras que tiveram o cartão de vacinação adulterado, estão o próprio Bolsonaro; a filha mais nova dele, Laura, de 12 anos; além de Mauro Cid, a esposa e a filha dele. Outro que teve a carteira de imunização alterada foi o deputado federal Gutemberg Reis (MDB-RJ). O parlamentar também foi alvo de um mandado de busca e apreensão nesta quarta.

Segundo a PF, os suspeitos da fraude inseriram dados falsos de vacinas contra a Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde, entre novembro de 2021 e dezembro de 2022. O objetivo foi emitir certificados falsos de vacinação para pessoas que não tinham sido imunizadas e, dessa forma, permitir que elas pudessem viajar e acessar locais onde a imunização era obrigatória.

 

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