Prefeito de Manaus chora e cobra Bolsonaro liderança “de verdade”
Arthur Virgílio Neto disse ao presidente da República que respeite os coveiros e pediu ajuda ao estado, que se encontra em “calamidade”
atualizado
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O prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto (PSDB-AM), chorou nesta terça-feira (21/04) ao falar do estado de colapso no qual vive o sistema de saúde da capital do Amazonas. Ele confirmou que valas comuns já estão sendo utilizadas para enterrar os corpos das vítimas do novo coronavírus e cobrou o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), por mais liderança.
“O caso aqui não é de emergência, é de absoluta calamidade pública. Com isso, sou completamente contra as ideias do presidente, que insiste em abrir a economia. Tem que abrir o bolso do Estado e ser expansionista nesse momento, estimular a economia com dinheiro do Estado”, disse, em entrevista à Rádio Gaúcha.
Segundo o prefeito amazonense, os casos de óbito em decorrência da Covid-19 estão sendo subnotificados em Manaus. Ele contou ainda que o número de pessoas que morrem em casa, por não conseguirem atendimento nas unidades de saúde, têm crescido dia após dia.
“As mortes são crescentes. Os hospitais estaduais têm evitando colocar no relatório a palavra “Covid”. No domingo, 122 pessoas morreram, sendo 17 em casa. Procuraram a rede hospitalar e não foram atendidas. Ontem, foram 106 mortes. Um número menor, mas 36 morreram em casa”, relatou, em um tom emocionado.
Na segunda-feira (20/04), o prefeito se encontrou com o vice-presidente da República, Hamilton Mourão. Na ocasião, ele teve uma conversa “muito franca”, em que “abriu seu coração”. Ele reclamou a Mourão sobre as frequentes idas de Bolsonaro a atos que geram aglomeração. “Tem que parar de uma vez por todas.”
À emissora CNN, Arthur Virgílio Neto rebateu ainda uma fala do presidente da República, que, quando questionado sobre o aumento no número de óbitos em decorrência do coronavírus, disse que não era coveiro. “Jamais o imaginei coveiro, mas sim presidente. Coveiros merecem respeito. São eles que têm adoecido fazendo seu trabalho”, lamentou o prefeito.
Ele disse ainda que, se o estado decidir por flexibilizar o isolamento social como Bolsonaro pede, vai ocorrer um “genocídio” no Amazonas. “A força do vírus chegou arrasando e encontrou uma cidade desguarnecida. Temos ainda o fato de que não houve uma ajuda federal decisiva.”