Prefeito acusado de pedofilia em GO enviou pornografia e ofereceu carona, diz mãe de vítima
Servidora pública juntou provas de que filho era assediado sexualmente pela internet por Francisco de Assis Peixoto (PSDB), de São Simão
atualizado
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Goiânia – Em apenas dois dias, uma servidora pública de 39 anos reuniu provas que foram usadas para prender o prefeito Francisco Assis Peixoto (PSDB), de São Simão (GO), região sudoeste do estado. O filho dela de 15 anos foi abordado pelo político no WhatsApp. O prefeito mandou pornografia para o adolescente, fez chamada de vídeo em que exibiu as partes íntimas e ofereceu carona a ele. Pelo menos seis pessoas já fizeram denúncia formal.
Assis Peixoto foi preso de forma preventiva nesta quarta-feira (28/7), em Goiânia, por pedido do Ministério Público do Estado de Goiás (MPGO). O adolescente mostrou as mensagens que estava recebendo para a mãe, que ficou horrorizada e orientou que o conteúdo fosse guardado. Print-screens, gravações de videochamadas e o próprio celular do garoto foram entregues às autoridades.
As conversas ocorreram entre os últimos dias 16 e 17 de julho. O prefeito teria enviado figurinhas pornográficas logo no início da abordagem e no sábado (17/7) chegou a oferecer carona para levar o garoto até uma quadrilha, de acordo com a servidora.
Achou que era trote
A mãe conta que inicialmente pediu para o filho gravar a primeira videochamada, porque achou que poderia ser um trote. No entanto, segundo ela, o prefeito mostrou suas partes íntimas pela câmera. Também foi possível identificar o rosto do político na chamada.
Depois de ficar muito atordoada com tudo que viu, a servidora decidiu procurar o Conselho Municipal de Segurança Pública de São Simão já no domingo. A denúncia foi formalizada no Ministério Público da cidade no dia seguinte.
“Aquilo ali para mim foi o fim. Foi muito covarde. A Justiça tem que ser feita. As mães (das vítimas) não devem ficar com medo. Tem que se encorajar a denunciar”, defende a mãe.
A servidora conta que foi procurada por outras mães de vítimas na mesma semana em que fez a denúncia. De acordo com o Ministério Público, até esta quarta-feira (29/7) já eram seis vítimas.
Diálogo
Toda a denúncia só foi possível depois que o adolescente de 15 anos procurou a mãe. Ele fez isso assim que começou a ser procurado pelo WhatsApp.
“Eu sempre falo para ele mostrar as mensagens que recebe. Não é que estou querendo invadir a privacidade, ser chata. Estou pronta para defender meu filho com unhas e dentes”, relatou a mãe.
O advogado de Assis Peixoto, Dimas Lemes, informou que vai aguardar a conclusão da colheita de provas da investigação para apresentar a defesa completa. Ele defende que a prisão deve ser revogada, pois o cliente não oferece risco à continuidade da apuração.
Operação
Além da prisão do prefeito, na quarta, foram cumpridos mandados de busca e apreensão. Participaram da ação, quatro promotores de Justiça, quatro delegados da Polícia Civil e 12 policiais civis.
A operação foi batizada de Paideia, termo do grego antigo que procura sintetizar a noção de educação na sociedade grega clássica. A palavra tem relação com a educação voltada para as crianças, referindo-se à educação familiar, bons modos e princípios morais.
Assis foi eleito com 4.277 votos em 2020, o que representa 40,65%. Ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ele declarou como ocupação ser técnico em contabilidade, estatística, economia doméstica e administração. Ele tem ensino médio completo. O patrimônio declarado é de R$ 1,4 milhão.
Natural de Araguari (MG), ele já teve outras passagens pela prefeitura da cidade. Também já foi vereador. Assis, como é mais conhecido, é muito popular na cidade e na região. É considerado como uma pessoa amável e atenciosa.