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Povos originários ainda não tiveram vez no governo de transição de Lula

Lula prometeu criar Ministério dos Povos Originários, mas indígenas ainda não participam da transição do novo governo

atualizado

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Arthur Menescal/Especial Metrópoles
Indígenas acompanham a votação da PL 490 em frente ao STF
1 de 1 Indígenas acompanham a votação da PL 490 em frente ao STF - Foto: Arthur Menescal/Especial Metrópoles

Enviado especial a Sharm El-Sheikh — Lideranças indígenas cobram do presidente da República eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), espaço no governo de transição. Portaria assinada pelo vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB) e publicada na última terça-feira (8/11) no Diário Oficial da União (DOU) prevê a criação de um grupo temático específico sobre os povos originários. A composição do grupo, contudo, ainda não foi anunciada.

Os indígenas sentem-se excluídos do debate. Duas lideranças disseram ao Metrópoles que veem certa contradição do petista, que disse durante a campanha que daria prioridade aos povos originários. Lula prometeu criar o Ministério dos Povos Originários e que indicaria um indígena para comandar a pasta.

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Hub Amazônia Legal na COP27
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Marisa Bastos
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As lideranças, porém, não querem um ministério apenas de “status”.

A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) chegou a enviar, no último dia 8, a Geraldo Alckmin, que é o coordenador da Comissão de Transição do futuro governo Lula, ofício com a indicação de três nomes para compor a comissão de transição.

O documento, no entanto, ainda não foi respondido pelo governo eleito.

“Está sendo amplamente anunciado, desde o Acampamento Terra Livre, a criação do Ministério dos Povos Originários. Isso vem sendo repercutido a cada dia, mas, nós, os maiores interessados, ainda não fomos convidados para compor a equipe de transição”, reclamou a deputada federal eleita Sônia Guajajara (PSol-SP), durante debate na 27ª edição da Conferência das Partes das Nações Unidas (COP27).

“É muito importante que haja esse processo, de fato, de consulta para que possamos construir o que de fato vai ser esse ministério, qual o status desse ministério”, acrescentou Guajajara.

“A gente precisa ver como foi o passado para não cometer o mesmo erro, como Belo Monte, como outras ações que não têm o nosso aval. […] Queremos, sim, participar desse governo. Mas com respeito e dignidade. Não queremos só nome, só status, queremos participação de fato, estrutura, fortalecimento e garantir uma articulação”, disse a deputada federal Joenia Wapichana (Rede-RR).

Compromisso de Lula

Em resposta aos apelos, o senador Randolfe Rodrigues (Rede), que tem participado da transição do futuro governo, reafirmou, durante o debate na COP27, o compromisso de Lula com os povos indígenas.

“Quero reiterar aqui o que ouvi do presidente eleito, em toda essa jornada vitoriosa de agosto até aqui. O governo que se inaugurará em 1º de janeiro será o governo dos povos indígenas”, destacou.

A assessoria de Lula foi procurada para se manifestar sobre a demanda. Não houve resposta. O espaço segue aberto.

O repórter viajou a convite do Instituto Clima e Sociedade (ICS)

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