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Por que sucuri morta em Bonito tinha o nome de Ana Júlia

Também conhecida como Vovozona, a sucuri de 7 metros foi encontrada morta às margens do rio Formoso. Caso é investigado

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Sucuri descoberta na Amazônia
1 de 1 Sucuri descoberta na Amazônia - Foto: Reprodução/Instagram

A morte da sucuri Ana Júlia, também conhecida como Vovozona e Anajulia e considerada a Rainha do Formoso, está sendo investigada pela Polícia Civil do Mato Grosso do Sul, com o apoio da Polícia Militar Ambiental (PMA). O animal foi encontrado sem vida às margens do rio, em Bonito (MS), no último fim de semana.

Mas desde a denúncia da morte da cobra, uma coisa vem chamando a atenção: o nome do animal. De acordo com o documentarista Cristian Dimitrius, um dos primeiros a fotografá-la e especialista em registro de vida selvagem, o batismo da cobra aconteceu durante uma expedição em 2014.

Segundo ele, o nome Ana Júlia é uma ligação direta à tradução da palavra “sucuri” para o inglês, que é anaconda. Além de ser uma homenagem à música “Anna Júlia”, da banda brasileira Los Hermanos.

“Inicialmente não tínhamos nomes, não sabíamos reconhecer cada indivíduo. Com passar do tempo passamos a entender melhor cada local, cada seguimento do rio e cada indivíduo que habitava ali. Quando pensei em ‘ana alguma coisa’, a primeira que veio na cabeça foi ‘Ana Júlia’ , por causa da música dos Los Hermanos”, disse Dimitrius ao portal G1.

Veja um dos últimos registros de Ana Júlia:

 

Apelido carinhoso

O nome dado à cobra foi adotado pelos guias de turismo de Bonito e estudiosos. Porém, alguns anos depois, outros instrutores de passeios pelo rio Formoso começaram a chamar Ana Júlia de Vovozona.

O apelido tem a ver com tamanho e idade da cobra. Com quase 7 metros de comprimento e mais de 10 anos, o apelido pegou entre os guias.

“Eu coloquei o apelido para poder identificar qual cobra eu registrava. Eu só em olhar as características sabia definir qual cobra era”, disse o guia de turismo Vilmar Teixeira, que faz passeios pela região e já havia registrado a cobra.

Sucuri mais famosa do mundo

De acordo com Dimitrius, Ana Júlia era a anaconda mais famosa do mundo. O animal é o mesmo que viralizou em um vídeo compartilhado pelo biólogo holandês Freek Vonk.

Ana Júlia também foi protagonista de documentários da BBC, reportagens internacionais e de pesquisas que envolvem cientistas de vários países.

“É a sucuri mais famosa do mundo. A Ana Julia era super calma, nunca, nunca demonstrou nenhuma agressividade”, disse o documentarista.

“Sempre se deslocou bem devagar, tomava sol em horários quase que definidos. A cobra aparecia constantemente, aceitava nossa presença. Isso faz ela tão singular, era uma embaixadora da espécie pro mundo, e de estar sendo acompanhada por pesquisadores, fornecendo importantes informações para o conhecimento de toda a espécie”, detalhou Cristian.

Causa do óbito

Por meio das redes sociais, Cristian Dimitrius fez atualizações sobre a investigação das causas da morte de Ana Júlia. Segundo ele, não é possível afirmar que a cobra foi morta a tiros, portanto, há novas possíveis causas para o óbito.

“Ontem foi realizada uma perícia inicial onde se constatou que as marcas que a Ana Júlia apresentava na cabeça, a princípio não se tratava de ferimentos de bala. Quando soube da notícia, me mandaram imagens em detalhes destas feridas e diversos relatos de guias locais relatavam ser marcas de tiro, mas isso não foi confirmado oficialmente. Estamos abertos a novas possíveis causas de óbito”, disse ele.

Ainda de acordo com o documentarista, órgãos responsáveis darão início a uma investigação minuciosa para saber o que realmente aconteceu com “este ser ancestral de 6,45 metros, uma das maiores do mundo. Precisamos aguardar para entender o real motivo de sua partida. Pode ter certeza que isso será divulgado amplamente e vou acompanhar de perto. Até lá, fico olhando estas imagens dela em vida e lembrando de como esse animal era especial”, completou ele.

Uma equipe de investigadores da Polícia Militar Ambiental (PMA), realizou, na segunda-feira (25/3), uma análise inicial. Segundo análises preliminares, o grupo não localizou perfurações ou indícios de que a cobra tenha sido morta a tiros.

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