Por que Rodrigo Garcia virou problema para o PL em adesão a Bolsonaro
PL conversa com Garcia para apoiá-lo na disputa ao governo de SP, o que causou impasse com o presidente da República, adversário de Doria
atualizado
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São Paulo – Estava tudo certo para que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) se filiasse ao Partido Liberal (PL) no dia 22 de novembro, mas no domingo (14/11), partido e presidente decidiram suspender a filiação. Um dos fatores que levaram a esse passo atrás é o comando do diretório do partido em São Paulo, que está diretamente ligado ao vice-governador do estado, Rodrigo Garcia (PSDB).
Isso porque o PL pretende apoiar Garcia na disputa ao Palácio dos Bandeirantes em 2022. Hoje vice de João Doria, Garcia deixou o DEM em maio e virou o pré-candidato do PSDB ao governo estadual, e nas últimas conversas com diversos partidos de centro, incluindo o PL, para garantir respaldo na eleição em São Paulo.
Bolsonaro se incomodou com o fato de seu possível futuro partido apoiar o candidato apadrinhado por Doria, seu adversário político. O desejo do presidente de ter controle também sobre os diretórios estaduais de sua nova sigla gerou um impasse interno e culminou na suspensão da filiação por tempo indeterminado.
O desconforto é ainda maior porque Garcia deve apoiar Doria na eleição para presidente contra Bolsonaro, caso o governador paulista seja escolhido o candidato do PSDB à Presidência da República – a definição se dará no próximo domingo (21/11), nas prévias tucanas.
Assim, o partido de Bolsonaro teria um impasse: enquanto lançaria o presidente à reeleição, em São Paulo, apoiaria o partido e o candidato de Doria.
Garcia é a aposta de Doria para continuar o tucanato no governo paulista, numa disputa que deve incluir Fernando Haddad (PT) e Geraldo Alckmin, que avalia deixar o PSDB nas próximas semanas e concorrer ao governo por outro partido.
A viabilidade eleitoral de Garcia, no entanto, ainda é incerta. De acordo com pesquisa Datafolha de setembro, Garcia tinha 5% de intenções de voto, enquanto Haddad ficava com 23%, seguido de Márcio França (PSB), com 19%, Guilherme Boulos (PSOL), com 13%, e Tarcísio de Freitas (6%).