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Por que gruta em SP pode ter desabado em acidente que deixou 9 mortos

Segundo geólogo, material que constitui a Gruta Duas Bocas, em Altinópolis, é muito poroso, suscetível à passagem de água

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O teto de uma gruta caiu quando um grupo de 26 pessoas fazia um treinamento em Altinópolis
1 de 1 O teto de uma gruta caiu quando um grupo de 26 pessoas fazia um treinamento em Altinópolis - Foto: Reprodução

A formação geológica da Gruta Duas Bocas, em Altinópolis, no interior de São Paulo, pode ter contribuído para o desabamento do teto do local, onde nove bombeiros civis morreram durante um treinamento no domingo (31/10). A estrutura é constituída de arenito Botucatu, mesmo material encontrado no Aquífero Guarani, um dos maiores do mundo, na América do Sul.

Em entrevista ao Metrópoles, o geólogo Renato Ramos, professor do Departamento de Geologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), explicou que o arenito Botucatu é derivado de um deserto de milhões de anos. Com ajuda da água e de elementos químicos como o ferro, os grãos de areia se unem e formam rochas.

O estudioso reforçou, porém, que essas pedras são muito porosas e permeáveis, pouco resistentes a chuvas. No momento do desabamento, chovia bastante na região, o que, para Renato, contribuiu para a queda do teto da gruta.

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O teto de uma gruta caiu quando um grupo de pessoas fazia um treinamento em Altinópolis (SP)
Bombeiros trabalham no resgate
O local é de difícil acesso
O desmoronamento na caverna aconteceu na madrugada deste domingo (31/10), entre 2h e 3h30
Grupo de pessoas foi atingido por desabamento do teto da Gruta Duas Bocas, em Altinópolis
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O desmoronamento aconteceu na Gruta Duas Bocas, próxima à Gruta de Itambé, ponto turístico na região

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O teto de uma gruta caiu quando um grupo de pessoas fazia um treinamento em Altinópolis (SP)

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Bombeiros trabalham no resgate

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O local é de difícil acesso

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O desmoronamento na caverna aconteceu na madrugada deste domingo (31/10), entre 2h e 3h30

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Grupo de pessoas foi atingido por desabamento do teto da Gruta Duas Bocas, em Altinópolis

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Segundo o Corpo de Bombeiros, 75 agentes e 20 viaturas trabalharam na ação

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Os bombeiros temem que novos desmoronamentos aconteçam na gruta

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Mulher é resgatada sem vida após desmoronamento na Gruta Duas Bocas, em Altinópolis

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Além das equipes de bombeiros, a Defesa Civil está no local do acidente

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“É como areia de praia, só que endurecida. Os grãos estão todos unidos por elementos químicos, como óxido de ferro, carbonato de cálcio e sílica. Não se sabe ainda a causa do desabamento, mas, provavelmente, a chuva teve influência para desintegrar o arenito”, ressaltou o especialista.

Este material é diferente do calcário, por exemplo, mais resistente. “[A rocha] pode dissolver, como o calcário em grutas de Minas Gerais e Goiás. Mas outras grutas, formadas por arenito e quartzito, a exemplo da região de Ibitipoca, se formam muito pela queda mecânica dos fragmentos. O teto vai caindo aos poucos e abrindo espaço ao longo dos séculos”, afirmou.

Local fragilizado

Presidente da Associação Profissional dos Geólogos do Estado do Rio de Janeiro (APG-RJ), Ramos ressaltou que apenas uma parte do teto da Gruta Duas Bocas caiu – no ponto onde estavam os bombeiros que acabaram soterrados. Outras 18 pessoas escaparam sem ferimentos. De acordo com o profissional, isso pode ter acontecido porque esta área específica deveria estar mais fragilizada que as demais, em decorrência dos efeitos do tempo.

“Parece que havia muitas fraturas, quebras na rocha. Então, o arenito já é poroso, a água penetra facilmente nele, e ainda existe muitas fraturas, é muito perigoso ficar dentro de um lugar desses”, definiu.

O grupo de 28 bombeiros civis passaria a noite no local, no âmbito de um treinamento para resgate em cavernas, mas foi surpreendido pelo desabamento na madrugada. Renato Ramos considera a possibilidade de o espalhamento da areia ter causado as mortes, além do próprio impacto da queda da estrutura.

“O teto da gruta, que tinha cerca de 30 centímetros de arenito, desabou e voltou a ser areia quando bateu no chão. Muita gente pode ter morrido sufocada com a areia e até menos pelo impacto. Na natureza, tudo é cíclico: de deserto, virou rocha, e com o passar dos anos, inevitavelmente volta a ser areia”, explicou.

“Foi uma infelicidade eles terem entrado na gruta e permanecido lá com chuva, e também uma fatalidade, justamente por uma parte dos bombeiros ter deitado em um lugar mais instável. De maneira geral, não é recomendado ficar em uma gruta quando estiver chovendo, ainda mais sendo de arenito”, disse Renato Ramos.

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