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Por que as autoridades em São Paulo descartam o lockdown

Especialistas do Centro de Contingência Covid-19, criado para combater a pandemia, explicam por que bloqueio total é improvável no estado

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O secretário-executivo do Centro de Contingência do combate ao coronavírus João Gabbardo, apresenta nesta tarde de sexta-feira (05), em coletiva de imprensa no Palácio do Governo, informações sobre o combate do novo coronavírus(Covid-19).
1 de 1 O secretário-executivo do Centro de Contingência do combate ao coronavírus João Gabbardo, apresenta nesta tarde de sexta-feira (05), em coletiva de imprensa no Palácio do Governo, informações sobre o combate do novo coronavírus(Covid-19). - Foto: Fábio Vieira/Metrópoles

São Paulo – A equipe do Centro de Contingência Covid-19, criado pelo governo do estado de São Paulo para ajudar na definição das estratégias para combater a pandemia de coronavírus, explicou por que é difícil decretar o lockdown nos 645 municípios no momento.

Para José Medina, membro do grupo de especialistas, o lockdown poderia causar quebra da cadeia de produção, além de desabastecimento e aumento da instabilidade social.

“O lockdown é uma medida de fechamento total que é difícil de ser implementada. Foi implementada em países da Europa, que têm a dimensão de um estado brasileiro, não foi implementada nos Estados Unidos, não conheço nenhum país em desenvolvimento onde foi implementada”, explicou Medina.

Atualmente, o estado está na fase emergencial, que impede a abertura de bares e restaurantes e também mexe com o horário de atividades essenciais, como escalonamento de horário de entrada de profissionais em seus empregos.

Governo não quer fechar fronteiras

A decretação de um lockdown é a medida mais severa imposta por um governo. Significa que a circulação de pessoas fica restrita a atividades como ir a farmácias ou supermercados. O Estado pode intervir no fechamento de ruas, locais públicos e privados, por exemplo.

Atualmente fora de cogitação, o bloqueio total deve ser bem pensado, pontuou Medina. O especialista comparou as populações de São Paulo e Portugal, com 12 milhões e 10 milhões, respectivamente. O país europeu decretou lockdown.

“É preciso controlar as fronteiras do estado de São Paulo com outros estados. Quando se fala em lockdown, parece fácil: ‘Vamos resolver tudo com lockdown’. Estamos tentando resolver tudo com medidas que são restritivas, mas que não têm essa característica de fechar inteirinho o estado, fechar todas as atividades e correr esse tipo de risco.”

Mesmo com a resistência do governo, cidades do ABC Paulista e do Alto Tietê fizeram o pedido de lockdown para o governador João Doria (PSDB). A medida é defendida por especialistas como forma de reduzir ao máximo o contágio pelo novo coronavírus.

Contingência pede para aguardar resultados

O coordenador do Centro de Contingência Covid-19, Paulo Menezes, segue o mesmo raciocínio. Ele aponta que o governo estadual tem seguido as recomendações do centro, como a execução da fase vermelha do Plano São Paulo e da fase emergencial em todo o estado.

Menezes aponta que, caso haja redução em óbitos, casos e internações, não será necessário determinar medidas ainda mais restritivas. Ele também pede a colaboração da população, que não teria entendido a “gravidade” da situação, para ficar em casa.

“Acho precoce, mas é um pouco alentador ver que o número de casos por dia desta semana é semelhante ao da semana passada. Quem sabe isso é mesmo um indicador de esperança, já com impacto de medidas tomadas na outra semana, na fase vermelha”, destacou.

De acordo com o coordenador executivo do centro, João Gabbardo, é preciso esperar alguns dias para ver se a fase emergencial tem trazido resultados positivos em São Paulo.

“Esse efeito de aumento de distanciamento físico das pessoas só vai refletir numa diminuição de casos, internações e óbitos em um determinado tempo. Então, precisamos aguardar, senão a cada dia que nós estivermos aqui vamos implementar uma medida, não vamos aguardar o resultado para propor novas medidas. Não pode ser assim”, avaliou.

Na quarta-feira (17/3), Ministério Público de São Paulo (MP-SP) enviou um ofício para a prefeitura e o governo de São Paulo para entender por que ambos não querem o lockdown.

Como fica na capital

Na capital paulista, o prefeito Bruno Covas (PSDB) descartou qualquer possibilidade de decretar lockdown. À GloboNews, o tucano justificou dizendo que falta estrutura para fazer fiscalização no município.

“A gente tem mil GCMs [guardas-civis metropolitanos] por dia na cidade. Com esse efetivo é inviável fiscalizar se as pessoas estão saindo ou não de suas casas”, declarou ao canal televisivo.

Como medida para cessar as contaminações, Covas anunciou a antecipação de cinco feriados para manter os paulistanos em casa, ação já feita em 2020. A capital teve na quinta-feira (18/3) a primeira morte por falta de leito de Covid, em São Mateus, na zona leste.

Nessa quinta, dado mais recente publicado pelo governo, o índice de isolamento social na capital paulista foi de 43%, o mesmo registrado no estado. Até 19 de março, o estado de São Paulo havia registrado 66.798 mortes e 2.280.033 casos confirmados de Covid-19. As taxas de ocupação dos leitos de UTI são de 91,4% no estado e de 91,6% na Grande São Paulo.

Na sexta, 27.527 pessoas estavam internadas, sendo 11.738 em leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e 15.789 em enfermaria.

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Movimentação no primeiro dia da fase emergencial na cidade de São Paulo, nesta noite de segunda-feira (15/3)
Movimentação no primeiro dia da fase emergencial na cidade de São Paulo, nesta noite de segunda-feira (15/3)
Estado de São Paulo apostou na fase emergencial por quase um mês
Movimentação no primeiro dia da fase emergencial na cidade de São Paulo, nesta noite de segunda-feira (15/3)
O estado de São Paulo iniciou a fase emergencial em 15 de março
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Trecho da Avenida Paulista, no centro de São Paulo, à noite

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Viaturas da GCM fazem ronda na capital paulista

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