Por que Amazônia é a região do Brasil com maior incidência de raios
Estudo do Inpe mostra que o Brasil é o país com a maior incidência de raios do mundo, atingido por 70 milhões de descargas elétricas por ano
atualizado
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São Paulo – Um estudo do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) indica que a Amazônia é a região do Brasil com maior incidência de raios. Se comparada a outras regiões do planeta, só é atingida por menos raios do que a região florestal do Congo, na África, e do que o Lago de Maracaibo, no Oeste da Venezuela, na América do Sul.
A área do Brasil mais afetada por tempestades elétricas ocupa cerca de 25 km² às margens do Rio Negro, a 100 km de Manaus, de acordo com o engenheiro Osmar Pinto Júnior, um dos autores do estudo e coordenador do Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat) do Inpe.
Em média, essa região é atingida por raios em 250 dias do ano. Isso ocorre porque essa região fica próxima à Linha do Equador, uma latitude de altas temperaturas, que vivencia o choque frequente de massas de ar do Hemisfério Norte e do Hemisfério Sul, o que favorece a formação de tempestades, além de ser uma área de floresta tropical e rios.
Essa análise foi feita no livro “Brasil Campeão Mundial de Raios”, que Osmar publicou em setembro com a cientista Iara Regina Cardoso de Almeida Pinto. De acordo com a pesquisa, o território brasileiro é atingido por 70 milhões de raios a cada ano.
Mudanças climáticas
Os estudos também preveem aumento na incidência de raios devido às mudanças climáticas. Os cientistas estimam que o Brasil passe a ser alvo de 100 milhões de raios por ano, até o fim deste século, se não ocorrer uma reversão do processo de aquecimento global.
Embora as tempestades elétricas sejam um fator de risco para a floresta amazônica, a umidade e a vegetação preservada ajudam a conter focos de incêndio, destaca Osmar. No entanto, com o avanço do desmatamento provocado pelo homem esse risco pode ser potencializado.
“No momento em que o homem corta a floresta, o clima na região fica mais seco. Se isso acontece, esse mesmo raio pode não só matar a árvore como dar início a um incêndio que se alastra”, explica o cientista Osmar Pinto Júnior em entrevista ao Metrópoles.