Por lotação, hospitais suspendem atendimento no pronto-socorro em GO
Segundo Associação que representa os hospital privados, unidades de saúde não têm mais capacidade de receber novos pacientes
atualizado
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Goiânia – A sobrecarga na rede de saúde, tanto particular quando pública, é uma realidade na capital goiana e em todo o estado de Goiás. Vários hospitais particulares estão sendo obrigados a suspender o atendimento de pronto-socorro por conta da alta demanda.
Um dos casos é o do Hospital Jacob Facuri. Com ocupação total de leitos, unidades de terapia intensiva (UTIs) e enfermarias, um hospital particular de Goiânia fechou o atendimento no pronto-socorro para novos pacientes.
Em imagem do que circula pelas redes sociais, mensagem colada na porta da unidade diz: “devido a 100% de lotação dos leitos, infelizmente por enquanto não podemos atender o Pronto-Socorro”.
De acordo com a Associação dos Hospitais Privados de Alta Complexidade do Estado de Goiás (Ahpaceg), esse não é um caso isolado. Os hospitais estão sendo obrigados a suspender temporariamente o atendimento nos prontos-socorros por total incapacidade de receber novos pacientes, por falta de profissionais, equipamentos e insumos.
Ao Metrópoles, a entidade destacou que, para os pacientes internados, o atendimento está sendo garantido ainda que em condições não adequadas. “A Ahpaceg e seus associados seguem atentos e preocupados com o avanço da pandemia. A rede hospitalar está fazendo o possível, mas a população precisa continuar se cuidar para evitar novos casos”, diz a entidade.
Recomendação
No último sábado (13/3), o Ministério Público de Goiás (MPGO) recomendou aos hospitais particulares de Goiânia que mantenham as unidades de pronto-socorro em funcionamento por se tratar de um serviço essencial. Segundo o órgão, a medida foi tomada diante da constatação de que estabelecimentos de saúde fecharam as unidades de pronto-atendimento sob o argumento de que não há leitos em decorrência da pandemia de Covid-19.
De acordo com o MPGO, a negativa de atendimento por parte dos hospitais, das redes pública e privada, pode incorrer em crime.
Alta demanda
Conforme o painel on-line da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO), que é atualizado em tempo real, a taxa de ocupação de leitos de UTI dos hospitais públicos e privados está em 97,49%. Para os hospitais estaduais, a taxa é de 95,24%, o que significa que dos 462 leitos, apenas 22 estão disponíveis.
Segundo o painel eletrônico, na capital, a ocupação dos leitos de UTI está em 98,36%, enquanto a de enfermaria está em 84,81%.
Mesmo com a abertura de novos leitos de UTI para Covid em Goiás, a demanda hospitalar segue alta. Cerca de 308 pessoas com a doença estão na fila de espera por leito de UTI para Covid-19, em Goiás, segundo o Complexo Regulador Estadual (CRE). Outras 247 aguardam vagas em enfermarias.
Cada uma das 555 pessoas deve passar por análise de técnicos da secretaria antes de ser encaminhada a hospitais exclusivos para tratamento de pacientes com a doença.
A espera de um leito
No município de Aparecida de Goiânia, na região metropolitana da capital, o professor Paulo Vitor Ferreira de Melo, de 26 anos, morreu de Covid-19 depois de esperar dois dias por uma vaga de UTI. Ele morreu na noite do último sábado (13/3).
Ao G1, familiares informaram que o professor havia testado positivo para o coronavírus há uma semana e, até então, não apresentava sintomas graves. No entanto, na quinta-feira (11/3), ele se sentiu mal e resolveu procurar a Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) do Parque Flamboyant.
Ainda de acordo com familiares, Paulo aguardou por dois dias na UPA e só conseguiu uma vaga de UTI quando não tinha mais condições de ser transferido pelo agravamento da doença.
O Metrópoles entrou em contato com a Secretaria de Saúde de Aparecida, que informou perfil de risco da doença para o paciente, que era obeso. De acordo com a SMS de Aparecida, foi solicitada uma vaga de internação para Paulo em enfermaria na noite da quinta-feira (11). No dia seguinte, ele foi reavaliado pela equipe médica da UPA que constatou a piora clínica do quadro e solicitou a vaga de UTI.
A SMS afirma que a vaga de UTI foi liberada para Paulo às 16h36, no Hospital Municipal de Aparecida (HMAP). No entanto, o paciente já estava sendo intubado na UPA e não poderia mais ser removido. “Infelizmente, ele não resistiu à piora rápida do quadro clínico e faleceu na UPA no dia 13”, diz a pasta.
“A SMS se solidariza com a família e amigos de mais esta vida perdida devido à Covid-19 e destaca que, desde a primeira solicitação de internação, buscou incessantemente uma vaga no sistema para o perfil do paciente. Durante esse tempo, ele foi permanentemente assistido pela equipe da UPA Flamboyant com toda a estrutura da unidade”, ressaltou a Secretaria de Saúde de Aparecida.
Ainda de acordo com a SMS, nesta segunda-feira haviam 15 pendências em pedidos de vagas hospitalares para tratamento da Covid-19, 5 para UTI e 1 de enfermaria para pacientes com endereço de Aparecida de Goiânia, 4 de UTI e cinco de enfermaria referentes a pacientes de outro municípios.
Novos leitos
O Hospital Municipal de Aparecida de Goiânia (HMAP) finaliza nesta segunda (15) a implantação, no Centro de Diagnósticos e Especialidades, de 30 leitos de enfermaria exclusivos para o tratamento de pacientes com Covid-19.
O HMAP também abriu novos leitos na ala covid da unidade, após o agravamento da pandemia. No decorrer da semana passada, foram implantados mais 20 novos leitos de terapia intensiva (UTI) no hospital. Com a expansão, a unidade tem agora 129 leitos de UTI e 86 de enfermaria dedicados ao tratamento dos pacientes infectados pelo coronavírus.