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População indígena cresce 88,1% e chega a 1,6 milhão, diz IBGE

População geral teve aumento de 6,45% entre 2010 e 2022, atingindo 207,7 milhões

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Joédson Alves/Agência Brasil
Foto colorida de indígena em Brasília - Metrópoles
1 de 1 Foto colorida de indígena em Brasília - Metrópoles - Foto: Joédson Alves/Agência Brasil

O Brasil tem 1.693.535 indígenas, segundo o Censo Demográfico 2022 realizado pelo Instituto de Geografia e Estatística (IBGE) e divulgado nesta segunda-feira (7/8). O número representa crescimento de 88,1% em relação à última pesquisa, feita em 2010, quando foram contabilizados 896.917 indígenas.

O novo número de indígenas do Brasil representa 0,83% da população geral, de 207,7 milhões de habitantes.

A Região Norte concentra 44,48% da população indígena no Brasil, com 753.357 pessoas que se declaram descendentes dos povos originários. A menor porcentagem aparece na Região Sul do país, com 5,20% de habitantes indígenas.

Somente Amazonas, Bahia, Mato Grosso do Sul, Pernambuco e Roraima são responsáveis por abrigar 61,43% da população indígena brasileira. Juntos, esses estados contabilizam um número superior a 1 milhão de pessoas que se identificam como indígenas.

Por outro lado, as três unidades da Federação com o menor número de indígenas são: Sergipe, Distrito Federal e Piauí.

Com mais quantidade absoluta de pessoas indígenas, o município de São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas, destaca-se com 93,17% dos seus habitantes que se consideram indígenas. Em contrapartida, em São Paulo esse índice cai para apenas 0,17% dos cidadãos locais.

O censo mostra ainda que 63,27% vivem atualmente fora das terras indígenas. Na esfera regional, a Região Centro-Oeste concentra a maior população indígena que não reside nas comunidades tradicionais, com 57% de indígenas nessa situação.

Mudança na metodologia

O censo demográfico é realizado de forma presencial pelos licenciadores. Na pesquisa feita entre 2022 e 2023, os funcionários do IBGE percorreram todo o Brasil, inclusive comunidades originárias nas áreas mais remotas do país.

A analista de informações geográficas e estatísticas do IBGE Michella Cechinel Reis explica que não houve um aumento no índice da população indígena, e sim uma mudança metodológica adotada pelo instituto.

“A gente percebeu que no censo anterior nós tínhamos uma subenumeração, que a quantidade de indígenas que se autodeclarou é inferior à quantidade real que existe. Então, este censo agora foi muito interessante, porque a gente ampliou a cobertura e captação dos indígenas”, esclarece Michella.

A analista acrescenta que os licenciadores ainda perguntam a cor ou raça do cidadão: preto, pardo, branco, indígena e amarelo. No entanto, passaram a questionar também se a pessoa se considera indígena. “A gente ampliou a captação dessa variável no questionário de 2022. Então esse é um dos fatores que você vê esse aumento expressivo dessa população que, na verdade, não é um aumento de população, mas sim da captação da população, uma melhoria nessa captação”, relata.

Dificuldades

Para realizar as entrevistas, os licenciadores encontraram algumas dificuldades, principalmente para chegar até as aldeias indígenas. “Tivemos dificuldade para chegar até algumas localidades por serem mais remotas, mata muito fechada, difícil acesso. Então a gente teve transporte de avião, helicóptero, barco, apoio da Força Aérea para algumas regiões”, afirma Michella.

Para conseguir realizar a coleta de dados da população Yanomami, por exemplo, os licenciadores contaram com o apoio de diferentes órgãos, tanto da esfera federal como estadual e municipal. “Em março, houve essa operação conjunta de vários ministérios com apoio da Polícia Rodoviária Federal [PRF] e outras entidades para poder chegar aos Yanomamis em Roraima e no Amazonas’, ressalta a analista do IBGE.

Graças ao trabalho em conjunto na terra Yanomami, os licenciadores contabilizaram 27.152 indígenas que vivem dentro da área demarcada.

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