Político que participou do 8/1 recebe dinheiro público de deputado
Deputado Gustavo Gayer (PL-GO) paga com verba da cota parlamentar a empresa de um amigo e político que participou dos atos golpistas de 8/1
atualizado
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Goiânia – O deputado bolsonarista Gustavo Gayer (PL-GO) faz pagamentos com verba da cota parlamentar à empresa de um amigo e político que participou dos atos golpistas de 8 de janeiro, em Brasília. Entre março, abril e maio deste ano, a Goiás Online Comunicações e Marketing Publicitário Ltda. recebeu, no total, R$ 24 mil por “publicidade das redes sociais”.
Ao portal UOL a assessoria de Gayer informou que o único sócio da empresa, o suplente de vereador em Goiânia pelo DC e candidato a deputado estadual em 2018 pelo PSL, João Paulo Cavalcante, colaborou com as investigações ao depor na Polícia Federal e que os pagamentos receberam aval da Câmara dos Deputados.
De acordo com a assessoria, Cavalcante foi pago como prestador de serviços. Sobre os atos golpistas, “enquanto não houver uma implicação criminal ou cível do Sr. João Paulo, que comprove sua efetiva participação, a presunção de inocência deve vigorar”, alegou a assessoria.
Conforme o portal da Câmara dos Deputados, o dinheiro foi usado para “divulgação da atividade parlamentar”. Esta é a maior fonte de gastos da cota parlamentar do deputado. Conforme a última atualização de conta, somente em abril, dos mais de R$ 40 mil gastos pelo parlamentar, R$ 22 mil se destinaram à divulgação.
Atos antidemocráticos
Durante o ataque golpista ao Congresso, em 8 de janeiro deste ano, João Paulo Cavalcante chegou a gravar um vídeo no local. “Galera, hoje, dia 8 de janeiro de 2023, o Brasil faz história. Mais uma vez, milhões de brasileiros indignados com o sistema, demonstrando que a nossa República Federativa do Brasil não vai cair nas mãos de criminosos. Olhem só essas imagens históricas”, diz ele na gravação.
Nas imagens, o empresário mostra os golpistas subindo a rampa do Congresso Nacional. “Iremos dar o nosso sangue por essa pátria. Brasil acima de tudo, Deus acima de todos. Vem pra Brasília agora. Para tudo que você está fazendo, venha pra Brasília, galera”, diz o homem no vídeo.
Apesar de ter confirmado que esteve em Brasília no dia dos atos antidemocráticos ao jornal O Popular, João Paulo não estava entre os presos na ocasião.
Relação
O CNPJ da Goiás Online foi aberto em 15 de março de 2023. Cerca de uma semana depois, a empresa emitiu uma nota fiscal para o gabinete do deputado.
As notas de março, abril e maio descrevem o serviço como “publicidade de redes sociais, gerenciamento de publicações e distribuição em todos os veículos e demais meios de divulgação”, com links das contas de Twitter, Facebook, YouTube e Instagram de Gayer.
No Facebook de João Paulo, há diversos vídeos em que ele aparece ao lado de Gustavo Gayer. Ele apoiou o deputado na campanha à Prefeitura de Goiânia, em 2020, e também a deputado federal, em 2022.
Gustavo Gayer é conhecido nas redes sociais pelos posicionamentos radicais, além de publicação de fake news. Durante a eleição, ele chegou a ter as redes suspensas por determinação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), pela disseminação de conteúdo falso sobre as urnas eletrônicas.
Após a invasão em Brasília, o deputado também defendeu sem provas a tese de que havia “infiltrados de esquerda” nos atos de destruição. Gayer foi citado no relatório da CPI da Pandemia como um dos influenciadores digitais que usou o YouTube para disseminar desinformação sobre “tratamento precoce” e conteúdo antivacina.