Zambelli usa música de Tom Zé e Wisnik sem permissão; artistas se revoltam
Vídeo postado nas redes sociais da deputada exalta o presidente Jair Bolsonaro. Artistas estudam processar parlamentar
atualizado
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A deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) postou um vídeo (veja mais abaixo) em suas redes sociais no qual exalta o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). A gravação, produzida e divulgada pela parlamentar, usou sem autorização um trecho da música “Xiquexique”, de Tom Zé e José Miguel Wisnik.
As informações são do jornal O Globo.
Por conta do vídeo, no entanto, a deputada pode virar alvo de uma ação no Judiciário. Segundo os artistas, não houve pedido de autorização para que a música fosse usada em uma “campanha política”. A música foi composta em 1997 como parte de trilha sonora do espetáculo “Parabelo”, do Grupo Corpo, companhia de dança mineira.
Na manhã deste sábado (25/7), o material tinha 343 mil visualizações. A gravação traz imagens de outdoors com mensagens de apoio a Bolsonaro, supostamente registradas em cidades das regiões Norte e Nordeste do país. A estratégia vem sendo usada para sugerir força política do presidente nas regiões.
Assista ao vídeo compartilhado pela deputada:
“Quero manifestar meu repúdio a esse uso não autorizado e totalmente revoltante desta composição do ‘Parabelo’. Não tenho nada a ver com essa campanha política e não aceito que a música da qual fiz parte seja usada para este fim”, disse o compositor José Miguel Wisnik.
O artista também disse que a música composta “exalta a cultura popular nordestina, para cima”. “Mas ela é nossa, de quem a fez com este fim. Essa alegria não está à disposição para uso político e, já, eleitoral. Farei o que estiver ao meu alcance para impedir que este uso continue e para que arquem com devidas consequências”, acrescentou.
De acordo com o jornal O Globo, na manhã deste sábado, a assessoria da deputada informou entender que “a reprodução parcial da música” não desrespeita a Lei de Direitos Autorais e citou o artigo 7º da mesma legislação, que autoriza “a reprodução, em quaisquer obras, de pequenos trechos de obras preexistentes (…), sempre que a reprodução não seja o objetivo principal da obra nova (…) nem causa um prejuízo injustificado aos legítimos interesses dos autores”.
A Zambelli, a reportagem perguntou se a deputada considera o uso justificado, apesar de os compositores terem questionado os interesses no uso da música.
“A música está publicada dentro dos parâmetros exigidos pela lei. Da próxima vez não uso mais a música deles. Há diversos artistas que dariam tudo para serem lembrados e curtidos, em qualquer perspectiva. O que não faltará [para a gente] é conteúdo, uma pena a pequenez de pensamento”, disse a deputada.