“Após revisão, não foram encontradas violações às políticas de comunidade do YouTube no vídeo em questão, postado em 18 de julho no canal Jair Bolsonaro”, informou o YouTube por meio de nota.
“Nossas equipes trabalham arduamente para garantir que tenhamos um equilíbrio entre liberdade de expressão, valor fundamental do YouTube, e a segurança das pessoas que diariamente buscam por informação na plataforma. Para isso, ouvimos especialistas externos, criadores de conteúdo e a sociedade civil para nos ajudar na construção dessas regras, que são frequentemente atualizadas para endereçar questões emergentes. Lembramos que nossas avaliações levam em conta o conteúdo do vídeo, independentemente de número de inscritos, gênero, etnia ou ideologia do dono do canal”, prossegue a plataforma.
O discurso de Bolsonaro aos chefes diplomáticos foi visto como um contraponto a uma sessão informativa do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) realizada em 31 de maio. Na ocasião, 68 embaixadores foram convidados pela Justiça Eleitoral para apresentações sobre o sistema eletrônico de votação do Brasil.
No fim do encontro, os diplomatas participaram de uma simulação com as urnas.
Teor da discussão
Durante o encontro com embaixadores, o presidente Bolsonaro voltou a lançar dúvidas sobre as urnas eletrônicas. Por mais de 45 minutos, o chefe do Executivo federal também criticou o TSE e afirmou que seu governo está empenhado em apresentar uma “saída” para as eleições deste ano.
A reunião com estrangeiros foi realizada no Palácio da Alvorada e contou com a estrutura do governo para ser divulgada. Na ocasião, o titular do Planalto repetiu argumentos já desmentidos por órgãos oficiais e reiterou que as eleições deste ano devem ser “limpas” e “transparentes”.
“Nós queremos, obviamente, estamos lutando para apresentar uma saída para isso tudo. Nós queremos confiança e transparência no sistema eleitoral brasileiro”, declarou. “Nós queremos corrigir falhas. Queremos transparência. Nós queremos democracia de verdade.”
No evento com diplomatas, o presidente também criticou os ministros Alexandre de Moraes, Edson Fachin e Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo Bolsonaro, os três magistrados querem trazer “instabilidade” para o país.
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Remoção de vídeos
Desde abril de 2021, o YouTube deletou ao menos 37 vídeos do canal de Bolsonaro. O levantamento foi feito pela Novelo Data, que monitora a exclusão de conteúdos de perfis ligados à extrema direita.
A última remoção ocorreu na segunda-feira (18/7), quando a plataforma retirou do ar uma live de julho de 2021, em que Bolsonaro fez diversas alegações, sem provas, contra a segurança das urnas eletrônicas. O conteúdo da live foi usado como base para a apresentação a embaixadores, no Palácio da Alvorada, também na segunda.
Entre os 37 vídeos, pelo menos 31 foram derrubados por conter desinformação sobre a pandemia de Covid-19, entre os dias 19 de abril e 25 de outubro de 2021. Já neste ano, a plataforma fez três remoções, duas delas por alegações infundadas acerca do processo eleitoral, que incluiu a live deletada nessa segunda.
O outro vídeo diz respeito a uma entrevista à rádio Jovem Pan de Maringá (PR), de 12 de agosto do ano passado. Durante a conversa, Bolsonaro questionou a lisura das eleições em 2018, comentou sobre a CPI da Covid e criticou o deputado e ex-aliado Luis Miranda, que denunciou suspeitas de corrupção na compra de vacinas. A gravação continua disponível em sua página do Facebook.
Conteúdos nocivos sobre eleições são proibidos pelas diretrizes do YouTube. Entre suas políticas, a plataforma lista uma série de categorias de desinformação sobre o processo eleitoral, que podem resultar em punição, entre eles, o “conteúdo com alegações falsas de que fraudes, erros ou problemas técnicos generalizados ocorreram em eleições nacionais certificadas anteriores. Ou conteúdo que afirma que os resultados certificados dessas eleições são falsos.”
Na mesma página, o site usa como exemplo as eleições presidenciais de 2018.