Witzel recebia cota de 20% da propina arrecadada da Saúde, diz delator
Segundo Edmar Santos, o esquema objetivava cobrar 5% de propina de todos os contratos, angariando cerca de R$ 400 milhões em quatro anos
atualizado
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O ex-secretário de Saúde do Rio de Janeiro Edmar Santos afirmou ao Ministério Público Federal (MPF) que os recursos desviados da pasta iam para um caixa único. Segundo ele, um montante de 20% era destinado ao governador Wilson Witzel (PSC).
Santos fechou acordo de delação premiada com a Procuradoria, e as informações por ele prestadas embasam o pedido que culminou, nesta sexta-feira (28/8), com o afastamento do governador do cargo, decretado pelo ministro Benedito Gonçalves, do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
“Que os recursos auferidos ilicitamente iriam para um caixa único; que tal caixa único seria distribuído da seguinte forma: 30% para o colaborador [Santos]; 20% para o governador Wilson Witzel”, diz um trecho da delação.
Ainda de acordo com Santos, ao Pastor Everaldo (PSC-RJ), padrinho político de Witzel e preso nesta sexta pela Polícia Federal, seriam destinados 20% do que fosse arrecadado.
O colaborador afirmou à Procuradoria que os responsáveis pela operação do esquema criminoso, ambos ligados a Everaldo, decidiram que as vantagens ilícitas a serem captadas na Saúde seriam cobradas em duas áreas: nas organizações sociais e nos “restos a pagar”.
De acordo com o delator, a organização criminosa, somente com esse esquema criminoso de contratação de organizações sociais na área de saúde, teria por pretensão angariar quase R$ 400 milhões, ao fim de quatro anos, na medida em que objetivava cobrar 5% de propina de todos os contratos.