Weintraub: Bolsonaro soube previamente de operação contra Flávio
Relato condiz com denúncia feita pelo empresário Paulo Marinho de que um delegado da PF simpatizante do presidente segurou deflagração
atualizado
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O ex-ministro da Educação Abraham Weintraub relatou que o presidente Jair Bolsonaro (PL) sabia da operação “Furna da Onça”, que envolveu o filho “01”, Flávio Bolsonaro, antes que ela fosse deflagrada. Segundo o ex-ministro, em novembro de 2018, no governo de transição, o então presidente eleito realizou uma reunião para alertar alguns de seus futuros ministros sobre o caso.
“Juntou assim em uma mesa comprida e falou: ‘Ó, eu chamei pelo seguinte: está para aparecer uma acusação, está pegando esse cara aqui’. Apontou para o Flávio”, afirmou Weintraub. Ele e o irmão, Arthur Weintraub, falaram ao podcast Inteligência Ltda. na noite de domingo (16/1).
Ainda segundo o relato de Weintraub, o presidente eleito teria dito que o governo não tinha “nada a ver com ele” e que se ele tivesse cometido algum erro, iria pagar por conta própria. “Era isso que eu queria escutar”, prosseguiu Weintraub.
🚨 Ex-ministro diz que @jairbolsonaro sabia antecipadamente de operação policial que envolveu Flávio Bolsonaro.
“Está para aparecer uma acusação contra esse cara (Flávio)”, teria dito o então presidente eleito.
Relato de Abraham Weintraub foi feito ao podcast @InteligenciaLta. pic.twitter.com/05PJS9z3G7
— Metrópoles (@Metropoles) January 17, 2022
O relato condiz com a denúncia feita pelo empresário Paulo Marinho, que afirmou em 2020 que um delegado da Polícia Federal (PF) “simpatizante ao presidente” avisou sobre a operação e segurou sua deflagração para depois do segundo turno das eleições de 2018.
Em 12 de dezembro de 2018, foi divulgado relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) que detalhou as movimentações suspeitas na conta de Fabrício Queiroz, ex-chefe de gabinete de Flávio e apontado como operador do esquema de “rachadinha” do filho do presidente na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
A partir de movimentações financeiras atípicas nas contas de Flávio e Queiroz, o Ministério Público do Rio (MPRJ) investiga o crime de peculato praticado no gabinete do então deputado estadual. Flávio teria confiscado parte do salário dos assessores e enriquecido ilegalmente durante o período em que exerceu mandato na Alerj.
Weintraub retornou ao Brasil na madrugada do último sábado (15/1). Cortejado por partidos que querem lançá-lo como candidato ao governo de São Paulo, Weintraub fará um tour pelo estado antes de anunciar seus planos políticos.
O ex-ministro se mudou para Washington, nos Estados Unidos, em junho de 2020, após ser demitido da pasta da Educação. Ele foi indicado pelo governo para exercer um cargo de direção no Banco Mundial.