Weintraub: “Aviso à tigrada. Estou saindo do Brasil o mais rápido possível”
O ex-ministro da Educação afirmou que quer tranquilidade e paz durante o tempo que permanecer no Brasil, mas avisou: “Não me provoquem”
atualizado
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Após ter sido demitido do Ministério da Educação, Abraham Weintraub usou as redes sociais, nesta sexta-feira (19/06), para informar que vai viajar para o exterior. Ele ainda pediu “paz” no tempo em que permanecer no Brasil.
“Estou saindo do Brasil o mais rápido possível (poucos dias). Não quero brigar!”, escreveu.
Apesar de pedir tranquilidade, o ex-ministro alertou que não vai aturar provocações: “Quero ficar quieto, me deixem em paz, porém, não me provoquem!”.
Aviso à tigrada e aos gatos angorás (gov bem docinho). Estou saindo do Brasil o mais rápido possível (poucos dias). NÃO QUERO BRIGAR! Quero ficar quieto, me deixem em paz, porém, não me provoquem!
— Abraham Weintraub (@AbrahamWeint) June 19, 2020
Weintraub foi exonerado após ter sido alvo de inquérito por chamar os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) de “vagabundos”. A atitude gerou desconforto entre o Judiciário e o Executivo e, por isso, o presidente Jair Bolsonaro decidiu fazer um gesto amigável à Corte.
Vídeo
Em live, lado a lado com o presidente, o ex-ministro anunciou a demissão. Ele, no entanto, ganhou um cargo de diretor no Banco Mundial.
No vídeo, Weintraub agradece “todo o apoio e carinho” que ele e a família estão recebendo das pessoas. “Desta vez, é verdade: sim, estou saindo do MEC. Neste momento, não quero discutir os motivos da minha saída do cargo”, emendou, lendo o que chamou de “uma colinha”.
Ao lado dele, o presidente estava sério, parecendo constrangido. Falando baixo, Bolsonaro afirmou: “É um momento difícil. Todos os meus compromissos de campanha continuam de pé e busco implementá-los da melhor maneira possível. A confiança você não compra, você adquire. Todos que estão nos ouvindo agora são maiores de idade e sabem o que o Brasil está passando. E o momento é de confiança. Jamais deixaremos de lutar por liberdade. Eu faço o que o povo quiser”.
Agradeceu e apertou a mão do agora ex-ministro. O Planalto ainda não anunciou quem ficará no cargo interinamente. O mais cotado é o secretário de Alfabetização do MEC, Carlos Nadalim. Correm por fora, a secretária nacional do Ensino Básico, Ilona Becskeházy, e o capitão-de-fragata Eduardo Melo, que chegou a ser secretário-executivo adjunto da pasta ainda sob o comando de Ricardo Vélez Rodriguez, o primeiro ministro da Educação de Bolsonaro, e depois foi alojado na TV Escola.
Demissão
Nessa segunda-feira (15/06), Weintraub e Bolsonaro tiveram um encontro no Palácio do Planalto para discutir a demissão. Na visão de aliados do presidente, a iniciativa foi essencial para que o Executivo estabelecesse uma “bandeira de paz” com o Supremo, em meio às desavenças crescentes dos últimos dias.
Defensor de Bolsonaro, Weintraub movimenta as redes sociais com publicações que, embora aticem a militância bolsonarista, costumam gerar crises institucionais. Em uma delas, ele virou alvo de outro inquérito, também no STF, por racismo contra chineses. Essas atitudes, segundo aliados, podem prejudicar Bolsonaro, que tenta amenizar os transtornos entre os Três Poderes.
O titular da Educação sempre teve o apoio dos filhos do presidente. Nas redes sociais, o deputado federal Eduardo Bolsonaro chegou a publicar um texto em defesa de Weintraub. Para ele, “liberdade de expressão não pode ter lado”, em referência às falas polêmicas do ministro.
A gota d’água para fazer o copo de Weintraub no ministério transbordar teria sido o comparecimento dele às manifestações do último domingo (14/06). Com 15 manifestantes, ele desobedeceu uma ordem do governo do Distrito Federal que proíbe protestos na Esplanada dos Ministérios. Nessa segunda-feira (15/06), o ministro foi multado em R$ 2 mil por não ter usado máscara na ocasião.
No encontro, Weintraub redobrou a aposta: “Eu já falei a minha opinião, o que faria com esses vagabundos”. Ele usou o mesmo termo que se referiu aos ministros do STF, durante a reunião ministerial.
Entenda a crise