Weintraub afirma que Bolsonaro ordenou entrega do FNDE para o Centrão
Ex-ministro da Educação disse ter entregado à Polícia Federal e ao Ministério Público documentos que comprovam irregularidades
atualizado
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O ex-ministro da Educação Abraham Weintraub (Brasil 35), que ocupou o cargo entre abril de 2019 e junho de 2020, disse ter recebido uma ordem direta do presidente Jair Bolsonaro (PL) para que “entregasse” o comando do Fundo Nacional para o Desenvolvimento da Educação (FNDE) ao Centrão.
O fundo bilionário, vinculado ao Ministério da Educação (MEC), está envolvido em recentes acusações de desvios de recursos públicos.
Em entrevista à CNN, o ex-ministro afirmou que a determinação teria ocorrido em março de 2020 e foi concretizada no mês seguinte, em junho. No dia 1º daquele mês, foi publicada a nomeação de Marcelo Lopes da Ponte, ligado ao ministro Ciro Nogueira (PP-PI), como presidente do FNDE.
“Quem vai me dar uma ordem dessas? O meu chefe. Ele falou: você vai ter que entregar o FNDE pro Centrão e eu falei: presidente, não faça isso. E eu fiquei adiando o máximo que eu podia, fiquei adiando. Eu subi toda a governança, as regras, do processo decisório do FNDE. Tentei, inclusive, fazer um conselho, um board decisório pro FNDE não ficar… Para o presidente do FNDE não se reportar só ao ministro da Educação, se reportar ao ministro da Economia e ao da Casa Civil. Na época era o Braga Netto. Tentei, o Braga Netto não quis”, afirmou Weintraub.
Na entrevista, Weintraub isentou Bolsonaro de envolvimento direto em eventuais irregularidades.
“Não tá difícil de ver se aconteceu alguma coisa de errado, eu não acho que o presidente esteja envolvido nisso, mas ele deixou entrar gente errada dentro do governo. E essas pessoas erradas que aprontaram no passado eu acho que tem uma probabilidade alta de terem aprontado de novo, mas para ser justo, eu sou a favor de sempre ser justo, então, vamos investigar”, disse ele na entrevista.
O ex-ministro atribuiu a aliança do governo Bolsonaro com o Centrão ao atual ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Luiz Eduardo Ramos, então chefe da Secretaria de Governo.
“Chegou o general Ramos com essa estratégia que eu considero muito equivocada de colocar o Centrão pra dentro do governo. E ele começou realmente a trazer essa turma para dentro, frequentar cada vez mais e convenceu o presidente, e a partir daí eu acho que a gente foi expulso. Os conservadores foram expulsos.”
Possíveis provas entregues à PF e ao MP
Como prova das acusações, o ex-ministro disse ter entregado à Polícia Federal (PF) e ao Ministério Público (MP) uma série de documentos que podem comprovar ou revelar indícios de irregularidades na Educação.
De acordo com ele, também há suspeitas na impressão de provas do Enem nos governos do PT, como na gestão do ex-ministro Fernando Haddad. Tanto o petista quanto Weintraub são pré-candidatos ao governo de São Paulo.
“Quando eu entrei lá, eu comecei a ver os esqueletos do passado. Fui juntando documento e protocolando. Então, assim, você vê desde livro didático com preço errado, você vê gráfica, problema da gráfica e aí já apareceu né. Uma das coisas que já apareceram foi o Enem superfaturado”, disse o ex-ministro.