“Você e suas milícias não me intimidam”, diz Randolfe a Marcos do Val
Senadores discutiram durante oitiva destinada ao depoimento da ex-coordenadora do PNI Francieli Fantinato
atualizado
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O vice-presidente da CPI da Covid, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), discutiu com o senador Marcos do Val (Podemos-CE) durante depoimento da ex-coordenadora do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde Francieli Fantinato, nesta quinta-feira (8/7).
A confusão iniciou-se quando Randolfe questionava de quem, no Ministério da Saúde, partiu a decisão de excluir presidiários dos grupos prioritários de imunização contra Covid-19. Neste momento, o parlamentar foi interrompido por Marcos do Val.
“Mas os presos já estão em isolamento. Não tem que dar prioridade a preso, não”, provocou.
Randolfe rebateu a fala do colega: “Não acredito que ouvi isso do senhor”. O vice-presidente também defendeu que não imunizar presos seria “condenar pessoas à morte”.
“Você e suas milícias não me intimidam, seja de rede social, seja de qualquer lugar. Não lhe dei autoridade, eu não estou lhe concedendo a palavra. Reponha-se, fique no seu lugar”, disparou o senador.
Os microfones, então, foram cortados e senadores acalmaram os ânimos. Com o retorno da sessão, o vice-presidente do colegiado afirmou que “nenhum dos membros dessa CPI será intimidado”.
“Algumas pessoas estão acostumadas a querer ameaça essa comissão parlamentar de inquérito de passar impune, não conseguirão, não passarão. Nenhum dos membros dessa CPI será intimidado, seja de fora seja por notinha, seja por milícia virtual, ninguém”, completou.
Mais tarde, Randolfe pediu que fossem retiradas das notas taquigráficas por ter proferido “palavra de excesso”. Ele se referia ao termo “Você e suas milícias”, em relação a Marcos do Val.
“A alegação não encaixa. Sua excelência pode ter outros defeitos, como defender o governo, mas não encaixa”, afirmou Randolfe. Mas pediu para destacar que nenhuma milícia poderia intimidar os senadores.
Depoimento
A sessão desta quinta é destinada a colher o depoimento da ex-coordenadora do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde Francieli Fantinato. Segundo ela, coube a Elcio Franco, então secretário-executivo da pasta, excluir os presos do grupo prioritário de imunização.
Francieli, que pediu exoneração no último dia 30 de junho, também foi alvo de quebra de sigilos telefônico e telemático por parte da comissão de inquérito.
O PNI é ligado ao Departamento de Imunização e doenças transmissíveis da Secretaria de Vigilância em Saúde e é responsável por definir os calendários de vacinação considerando a situação epidemiológica, com orientações específicas para crianças adultos, gestantes, idosos e povos indígenas.