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Vídeos de Funaro, briga com Maia e PF não tiram vitória de Temer

Previsão de deputados é que relatório favorável ao presidente passe na CCJ. Enfraquecimento pode, contudo, mudar resultado em plenário

atualizado

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1 de 1 bonifácio ccj - Foto: Ricardo Botelho/Especial para o Metrópoles

Nos últimos três dias, o presidente Michel Temer (PMDB) viveu os maiores reveses à frente da Presidência desde que uma segunda denúncia contra ele foi enviada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) à Câmara dos Deputados. A divulgação de vídeos da delação do operador Lúcio Funaro; a troca de insultos entre o advogado de Temer, Eduardo Carnelós, e o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ); e a operação da Polícia Federal (PF) contra o deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), irmão do ex-ministro Geddel Vieira Lima, desgastaram o peemedebista na semana em que a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) analisará o relatório sobre a acusação contra Temer.

Os membros do colegiado preveem, contudo, um resultado favorável ao presidente na comissão, que rejeitou a denúncia anterior enviada pela PGR por 41 a 24 votos. A primeira reunião da CCJ após a leitura do parecer do deputado Bonifácio de Andrada, do PSDB-MG, (de óculos, na imagem em destaque) pela inadmissibilidade da acusação está marcada para a manhã desta terça-feira (17/10). A expectativa é que o relatório seja votado já na quarta (18), depois da discussão entre os parlamentares, e seja encaminhado para apreciação do plenário na próxima terça (24).

O discurso de apoiadores do Planalto é que, apesar dos últimos fatos envolvendo delações e investigações contra aliados do presidente, Temer deverá manter a margem de 41 votos pelo arquivamento da denúncia na CCJ. “Não interfere absolutamente [na votação]. A manutenção do presidente Michel [Temer] está muito acima disso tudo que o grupo de Janot, Joesley, Wesley e Funaro fazem”, rebateu Darcísio Perondi (PMDB-RS), deputado integrante da chamada “tropa de choque” de Temer na Câmara.

O vice-líder do governo na Casa, Beto Mansur (PRB-SP), classificou o momento vivido pelo Planalto às vésperas da votação da denúncia na CCJ como uma “marola”. “Acho que não afeta em nada. Vamos ter votos suficientes para aprovar o relatório. E, no plenário, é a oposição que precisa colocar 342 votos. A gente já tem o suficiente”, afirmou.

O deputado minimizou o atrito entre Rodrigo Maia e o advogado de defesa de Temer. No último sábado (14), o defensor Eduardo Carnelós publicou nota para criticar “vazamentos criminosos”. Maia irritou-se e chegou a chamar Carnelós de “incompetente”. Em resposta, o advogado recuou e afirmou que “jamais” imputou “a prática de ilegalidade” ao deputado. “Não teve um confronto direto da Presidência da Câmara com o o Executivo. O que aconteceu foi um mal-entendido”, justificou Mansur.

Para o coordenador da bancada do PSDB na CCJ, Betinho Gomes (PE), é o estremecimento de relações entre o Planalto e a Presidência da Câmara que poderá, nos próximos dias, desenhar-se como “um grande problema”. “Se Maia quiser transformar essa querela do fim de semana em algo prejudicial para a articulação do governo, aí sim você pode ter um problema real”, pontuou.

O partido, que detém quatro ministérios no governo Temer, deverá manter, na comissão, os mesmos cinco votos contra o presidente, afirmou Gomes. No total, o PSDB tem sete membros titulares e oito suplentes na comissão, mas ainda é possível haver trocas de integrantes antes da votação.

“Soma de fatos”
Apesar de afirmarem ser pequena a possibilidade de rejeição do relatório de Bonifácio de Andrada na comissão, parlamentares da oposição acreditam que o desgaste de Michel Temer pode se agravar a partir do surgimento de novos fatos relacionados à delação de Lúcio Funaro e do mal-estar crescente entre o Palácio do Planalto e Rodrigo Maia. Para os deputados, a segunda denúncia ganhou um novo fôlego e possui agora maiores chances de ser acatada no plenário da Câmara.

“Isso tudo demonstra que os fatos narrados pelo Funaro têm tido procedência e chegam nas pessoas da bancada do Cunha. A briga do Rodrigo [Maia] com o advogado [Eduardo Carnelós], a cobrança de lealdade… A soma de fatos corrobora para que o Planalto tenha uma segunda denúncia mais complicada”, comentou o deputado Júlio Delgado (PSB-MG). Para o parlamentar, a repercussão da operação da PF nesta segunda (16) pode viabilizar os 342 votos necessários para que o plenário aprove a abertura de investigação contra o presidente.

Até o momento, a oposição afirmava possuir maioria no plenário, mas não o total previsto para o envio do pedido de investigação contra o presidente ao Supremo Tribunal Federal (STF). “Lúcio é deputado da base e homem de confiança do governo aqui na Câmara, portanto, desconsiderar a importância disso [operação da PF] é desacreditar no calor ou na seca de Brasília. Os dois Lúcios, o Funaro e o Vieira Lima, são o ‘Lúcifer’inn do inferno astral de Temer”, disse Chico Alencar (PSol-RJ).

Denúncia
Michel Temer é acusado de obstrução da Justiça e organização criminosa. Também foram denunciados pelos mesmos crimes os ministros Eliseu Padilha e Moreira Franco, além de outros políticos do PMDB. A denúncia foi ofertada pelo ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot em 15 de setembro. Essa é a segunda acusação feita pela PGR contra Temer. Em 26 de junho, o peemedebista foi denunciado por corrupção passiva – imputação rejeitada pelo plenário da Câmara por 263 votos a 227.

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