Vice-líder do PT empregou namorada no Senado com salário de R$ 12 mil
Jornalista já estava com Rogério Carvalho ao ser comissionada em seu gabinete. Foi recolocada na Liderança da Minoria, com aumento
atualizado
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A jornalista Candisse Matos Correia foi contratada para trabalhar no gabinete do senador Rogério Carvalho (PT-SE) no dia 1º de fevereiro deste ano. Com salário de R$ 12 mil, ela exerceu a função de assistente parlamentar do vice-líder do PT no Senado por cerca de um mês. Depois disso, a pedido dele, foi relocada à Liderança da Minoria na Casa, passando a receber R$ 13.494,42.
Candisse afirmou ao Metrópoles, em longa troca de mensagens, que “priorizou” a saída do gabinete para a Liderança justamente por conta do envolvimento com o senador. Ela efetivamente foi exonerada do gabinete e relocada. Uma resposta oficial do Senado, enviada pela assessoria de imprensa da Casa na noite desta sexta-feira (21/06/2019), porém, acrescenta um detalhe omitido pela assessora:
“A servidora citada foi nomeada para o cargo em comissão de Assistente Parlamentar Júnior, AP-09, do Gabinete do Senador Rogério Carvalho, com exercício no próprio Gabinete, tendo entrado em exercício em 04/02/2019; em 27/02/2019, ela foi exonerada do cargo em comissão de Assistente Parlamentar Júnior, AP-09, do Gabinete do Senador Rogério Carvalho, e nomeada para o cargo de Assistente Parlamentar Intermediário, AP-10, do Gabinete do Bloco da Liderança da Minoria no Congresso, com exercício no Gabinete do Senador Rogério Carvalho.”
Vinculada à liderança, trabalhou até o início do mês de junho deste ano – mas continuou atuando extraoficialmente na comunicação do petista. E, na sexta-feira, afirmou que, como o casal está com “pretensões futuras de oficializar a relação”, ela já teria se exonerado de qualquer função no Senado. Informações de fontes ligadas ao comando da Casa confirmam que a exoneração foi solicitada.
Candisse e Rogério Carvalho começaram o relacionamento no ano passado, quando a comunicadora coordenou parte de sua campanha ao Senado. Nas redes sociais, ela comemorou a vitória do senador, que está em seu primeiro mandato, com uma declaração de amor. Depois disso, veio trabalhar com ele em Brasília. Jornalista experiente em Sergipe, a ex-assistente parlamentar sustenta que, agora, abandonou a carreira profissional para “não ser incorreta”.
“Sou jornalista e comunicadora há cerca de 18 anos e atuei até 2018 em veículos de comunicação em Sergipe. Naquele ano, aceitei o desafio de ser coordenadora de comunicação e marketing da campanha do então candidato Rogério Carvalho. Diante da trajetória vitoriosa que o garantiu uma vaga no Senado Federal, fui convidada a compor a equipe dele.
Depois, a Liderança do PT me acionou para atuar junto à comunicação, já que desenvolvíamos um trabalho de qualidade. Na convivência com o senador, me envolvi com Rogério. Por causa disso, priorizei a saída do gabinete. Agora, por causa das nossas pretensões futuras de oficializar a relação, me senti na obrigação de deixar este vínculo profissional, e já não ocupo qualquer vaga no Senado Federal”, explica.
Três semanas atrás, no entanto, Candisse Matos postou em seu perfil nas redes sociais que ainda trabalhava com o parlamentar, apesar de, à época, responder pela comunicação da Minoria no Senado (veja abaixo). No Facebook, esse também é o cargo que a comunicadora afirma exercer até o momento.
Procurado pela reportagem, o senador Rogério Carvalho afirmou que não responderia aos questionamentos do Metrópoles, sobre sua relação com Candisse, por não se tratar de assunto de interesse público. “Apenas me reservo ao direito de preservar minha intimidade. Sobre a jornalista Candisse Matos informo que ela não ocupa nenhum cargo em meu gabinete”, completou.
Vale lembrar que um documento recente divulgado por advogados do Senado afirma que empregar namorados ou namoradas no Congresso Nacional não pode ser caracterizado como nepotismo. Para a Casa “uma relação de namoro não se confunde com relação de parentesco”, assim, a situação de Candisse e senador Rogério Carvalho não se enquadra, objetivamente, no exercício de um agente público no uso de sua posição de poder para nomear, contratar ou favorecer pessoas próximas.
Mais um namoro
Na semana passada, o Metrópoles mostrou um outro namoro entre parlamentar e funcionária comissionada no Senado Federal. Trata-se do senador Marcos do Val (Cidadania-ES) e a consultora legislativa do Senado Brunella Poltronier Miguez. Apesar do atual romance entre eles, a moça trabalhou no gabinete do parlamentar por quase dois meses, e, após o casal assumir o namoro, foi exonerada.
No entanto, 20 dias depois ela foi recontratada pelo Senado e ganhou um aumento. Atualmente, ela recebe exatos R$ 17.992,57. Antes de conhecer Do Val, porém, a advogada trabalhava no Instituto de Pesos e Medidas do Estado do Espírito Santo (Ipem-ES), com um salário de R$ 2.300.
Durante entrevista ao Metrópoles, o senador Marcos do Val explicou que a relação entre ele e advogada era puramente profissional no momento da contratação da servidora para o seu gabinete. “Quando comecei a despertar o interesse por ela, entrei em conflito comigo. Não sabia o que era ilegal ou imoral”, afirma o parlamentar.
Segundo ele, após uma consulta ao Senado Federal, descobriu que não seria ilegal mantê-la em seu gabinete, já que relações de namoro não são caracterizadas formalmente como nepotismo. Mas, “para evitar qualquer resquício de imoralidade”, Do Val conta que escolheu exonerar a então assistente parlamentar. Na sequência, pediu a amigos da Casa para avisá-lo sobre uma vaga para o perfil da namorada. Um desses amigos foi o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP).
Alcolumbre confirmou à reportagem que foi ele quem autorizou a contratação da agora consultora legislativa. Segundo o democrata, o senador Marcos do Val o procurou pedindo uma vaga para a advogada como uma “indicação política” do seu partido. No entanto, o presidente da Casa garante que não foi avisado da relação amorosa entre o parlamentar e Brunella.