“Indústria precisa retomar o protagonismo”, diz Alckmin ao tomar posse como ministro
O vice-presidente Geraldo Alckmin acumulará duas funções no governo. A cerimônia ocorreu no Palácio do Planalto, com a presença de Lula
atualizado
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O vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, foi empossado ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, na manhã desta quarta-feira (4/1), no Palácio do Planalto. A cerimônia estava prevista para as 11h, mas começou às 11h24 por causa de filas para entrar na sede do governo federal, em Brasília.
O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a primeira-dama do Brasil, Janja, e ministros participaram da solenidade.
Na prática, a pasta tem como função promover o desenvolvimento industrial do país, contribuindo para o crescimento econômico por meio da intensificação do comércio exterior e do fortalecimento do mercado interno.
“Determino que sejamos claros quanto aos nossos propósitos. Hora de união e reconstrução. O esforço de reindustrializar o Brasil e de aperfeiçoar nossa indústria e incluir os trabalhadores na economia não são tarefas episódicas, mas obra de todo o governo comprometido com o futuro melhor e justo para o povo”, afirmou Alckmin.
“Depois de quatro anos de descaso e má-gestão e de desalinho com os problemas brasileiros, o presidente Lula, com acerto, determinou a recriação do ministério como uma medida fudamental para o Brasil retomar o caminho para o desenvolvimento. A reindustrialização é essencial para que possa ser retomado o desenvolvimento sustentável e a justiça social. A indústria precisa retomar o protagonismo, expandido a participação no PIB”, acrescentou.
Alckmin também declarou que a pasta comandada por ele contará com uma Secretaria de Economia Verde, Descarbonização e Bioindústria, tendo como prioridade o desenvolvimento sustentável. A ideia é trabalhar em conjunto com Marina Silva, do Meio Ambiente, para estar em sintonia com as políticas mundiais e assegurar que os produtos brasileiros terão competitividade no comércio.
O chefe da pasta argumentou, ainda, que o fortalecimento da indústria “passa, invariavelmente, pela redução do custo Brasil e pela melhoria do ambiente de negócios do país”. Nesse contexto, uma “reforma tributaria é fundamental”.
Currículo
Natural de Pindamonhangaba (SP), Alckmin começou a trajetória política como prefeito (1977-1982) e vereador de sua cidade natal (1973-1977). Em seguida, foi deputado estadual (1983-1987) e deputado federal (1987-1995).
Governou São Paulo em quatro ocasiões. Na primeira (entre 2001 e 2002), foi alçado de vice a governador após a morte do então titular, Mário Covas. Depois, elegeu-se governador para o mandato de 2003 a 2006 e, posteriormente, comandou o estado em outros dois períodos: de 2011 a 2015 e de 2015 a 2018.
Alckmin e Lula enfrentaram-se no segundo turno da eleição presidencial de 2006, quando Lula se reelegeu. Ele também foi, entre 2017 e 2019, presidente nacional do PSDB, partido pelo qual esteve filiado por 33 anos.
O ex-tucano também disputou a eleição presidencial de 2018, ficando em quarto lugar, com 4,7% dos votos válidos.
Vice-presidente e ministro
Durante todo o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o então vice-presidente, Hamilton Mourão (Republicanos), não acumulou funções e apenas comandava o Conselho Nacional da Amazônia (Cnal).
O ex-tucano, no entanto, será ministro e vice-presidente ao mesmo tempo, o que não é uma novidade em governos petistas. Alckmin será o terceiro vice a assumir um ministério, o segundo em um governo Lula. Na primeira vez, o então vice de Lula, José Alencar, foi ministro da Defesa, de 2004 a 2006.
Em 2015, quando o governo Dilma Rousseff já se via ameaçado pelo impeachment, o vice Michel Temer (MDB) comandou a Secretaria de Relações Institucionais, responsável pela articulação política do governo, por um breve período (entre abril e agosto).
Com o acúmulo de funções, Alckmin terá papel importante com setores do empresariado e do agronegócio, devendo também ser um ponto de apoio na articulação com militares, em diálogo com o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro.