Vice da CPI: Élcio Franco tem posição central “na omissão e corrupção”
“O coronel Élcio Franco era o braço operacional de Pazuello”, completou o senador Randolfe Rodrigues
atualizado
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O vice-presidente da CPI da Covid-19, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), afirmou, nesta sexta-feira (9/7), que os depoimentos colhidos na semana colocam o ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde Élcio Franco como “personagem central na corrupção e na omissão”.
Mais cedo, o colegiado ouviu o consultor técnico da pasta William Santana, que trouxe informações sobre as tratativas que envolvem as negociações da vacina indiana Covaxin.
Durante a oitiva, Santana apresentou e-mail em que a Precisa Medicamentos, responsável por intermediar as tratativas no Brasil, afirmou que tinha “anuência” da Secretaria Executiva para iniciar as negociações com a Saúde. Na época, a pasta era ocupada pelo coronel Elcio Franco.
“Senhores, boa tarde. Com anuência da Secretaria Executiva, peço auxílio na solicitação da primeira licença de importação de embarque aéreo correspondente a primeira entrega do contrato 29/2021 assinado com o Ministério da Saúde”, escreve um funcionário da Precisa no e-mail.
O texto, de autoria da empresa privada, ainda cobrava celeridade do andamento da análise técnica da pasta. “Contamos com a compreensão de todos e celeridade”, afirma Santos. Santana, provocado pelos senadores, disse que “nunca recebeu um e-mail de um fornecedor de nesses termos”.
As informações, de acordo com Randolfe, colocam o coronel como peça-chave nas investigações do colegiado. “Coronel Elcio Franco é personagem central na corrupção e na omissão. De ontem pra hoje, veio a constatação. Ele era o braço operacional de Pazuello”, defendeu o senador.
O vice-presidente da CPI da Covid disse que Santana foi “intimidado” por parlamentares da base aliada ao governo. “Foi intimidado de todas as formas, inclusive pelo filho do presidente, que insistia para que ele não confirmasse a data de recebimento do invoice. E ele confirmou várias vezes”.
O senador também criticou a perícia usada pelos senadores governistas para respaldar legalidade e licitude no processo da Covaxin. “O governo não tem a capacidade de fazer uma perícia própria e traz a perícia feita pela empresa investigada”.
Ele também cobrou a realização de perícia em documentos vindos do Ministério da Saúde. “A documentação vem com partes inacessíveis ou alterações nas datas”, criticou.
Recado a Ricardo Barros
Randolfe também rebateu as insistências do deputado federal e líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), para ser ouvido o quanto antes pelo colegiado. O congressista chegou a acionar, sem sucesso, o Supremo Tribunal Federal (STF), pedindo que a Corte mantivesse a data do seu depoimento para essa quinta (8/7).
“Não é o investigado que determina data de depoimento. E não será ele quem definirá se a CPI vai entrar em recesso ou não”, completou.
O senador Humberto Costa (PT-PE) endossou o posicionamento do vice-presidente e disse que o STF não deveria ser envolvido por Barros na história. “Não é competência do Supremo definir data de depoimento de investigado. Imagina se nós quiséssemos marcar data de julgamento no Supremo”, completou.