“Vice bom é aquele que não aparece”, diz Bolsonaro sem citar Mourão
Presidente e vice têm se afastado ao longo do governo. Recentemente, Mourão disse que “sente falta” de se reunir com o mandatário do país
atualizado
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O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou nesta terça-feira (6/7) que “vice bom é aquele que não aparece”. A declaração foi feita a apoiadores, no Palácio da Alvorada. A conversa foi transmitida por um canal simpatizante ao governo.
Bolsonaro conversava com vereadores da Câmara Municipal de Guarantã do Norte (MT). O vice-presidente da Casa estava presente.
“Quem é o vice? Vice bom é aquele que não aparece, hein?”, brincou Bolsonaro.
Apesar de não ter citado o nome de Hamilton Mourão, Bolsonaro e o vice têm se afastado ao longo do governo. Recentemente, Mourão chegou a dizer que “sente falta” de se reunir com o mandatário do país.
Em dois anos e meio de gestão, o capitão reformado do Exército e o general têm tido algumas posições diferentes, o que, segundo interlocutores, não tem agradado o chefe do Executivo federal.
Em outubro, por exemplo, após Bolsonaro dizer que o Brasil não compraria a vacina produzida pelo laboratório chinês Sinovac, Mourão foi na contramão.
“Lógico que vai” [comprar], respondeu o vice, afirmando que a polêmica sobre qual vacina adquirir se tratava apenas de uma “briga política” com o governador de São Paulo, João Doria (PSDB).
Indemissível
Em novembro, após o vazamento de um estudo do Conselho Nacional da Amazônia Legal, do qual Mourão é presidente, Bolsonaro ameaçou demitir quem apresentasse a ideia, “a não ser que essa pessoa seja indemissível”.
Em dezembro, o vice-presidente afirmou que vê influência de “intrigas palacianas” no relacionamento com o presidente Jair Bolsonaro. De acordo com Mourão, há assessores na Presidência que “distorcem os fatos”.
“Muitas vezes há incompreensão de parte dos assessores do próprio presidente. Que procuram distorcer fatos e levar uma outra realidade em relação às ações que eu tenho procurado realizar”, declarou o vice.
Também em dezembro, durante uma cerimônia no Planalto, o presidente Bolsonaro afirmou que não trata de assuntos como a vacina contra a Covid-19 e o leilão do 5G sem antes o assunto passar pelos respectivos ministros da Saúde, Eduardo Pazuello, e das Comunicações, Fábio Faria.
Nos bastidores, a fala foi vista como uma clara “alfinetada”, já que a declaração de Bolsonaro ocorreu um dia depois de Mourão ter dito que os equipamentos da empresa chinesa Huawei estão em 40% das redes de 3G e 4G no país e que o eventual banimento da companhia no 5G – algo que o presidente não esconde defender – vai encarecer os serviços para os consumidores.