Viagens de Mourão ao RS superam reuniões do Conselho da Amazônia
O Conselho da Amazônia se reuniu 13 vezes, mas somente uma em 2022. Com a eleição, viagens do vice ao estado de origem triplicaram
atualizado
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Candidato ao Senado Federal pelo estado do Rio Grande do Sul, o vice-presidente da República, Hamilton Mourão (Republicanos), tem deixado “para depois” o Conselho Nacional da Amazônia Legal (Cnal), do qual é presidente. Em 2022, os membros do conselho se reuniram uma vez, enquanto Mourão foi à Amazônia duas vezes.
Em contrapartida, como contabilizado pelo Metrópoles, apenas no primeiro semestre de 2022, Mourão já visitou ao menos 20 municípios do Rio Grande do Sul, alguns deles, em mais de uma ocasião. Em 2020 e 2021, o general foi a 15 municípios gaúchos no total.
As cidades que mais receberam o pré-candidato foram Porto Alegre, Canoas e Santa Maria. Juntando as passagens pelos três municípios, foram 21 ocorrências.
Veja abaixo as cidades que Mourão esteve, ao lado da quantidade de idas.
Período pré-filiação ao Republicanos (16/1 a 15/3):
Caxias do Sul: 1
Porto Alegre: 1
São Leopoldo: 1
Período pós-filiação (16/3 a 27/5):
Bagé: 3
Bento Gonçalves: 1
Cachoeira do Sul: 1
Caçapava do Sul: 1
Canoas: 7
Caxias do Sul: 2
Cruz Alta: 1
Flores da Cunha: 1
Gramado: 1
Igrejinha: 1
Osório: 2
Passo Fundo: 2
Parobé: 1
Pelotas: 1
Porto Alegre: 8
Santa Maria: 5
Santana do Livramento: 1
Torres: 1
Uruguaiana: 2
Reativado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) em 2020, por meio do Decreto 10.239, o Cnal tem a função de coordenar e integrar as ações relacionadas à Amazônia.
Assim que reativou o órgão, Bolsonaro nomeou Mourão para coordená-lo. O Cnal também seria integrado por 14 ministros de estado e pelos governadores da Amazônia Legal (Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins).
Foi por intermédio do Cnal que ocorreram as operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) para reduzir os crimes ambientais na região. O cuidado e a atenção ao Cnal, no entanto, começaram a desandar já em 2020, quando os gestores do Ministério do Meio Ambiente, pasta mais importante do conselho, deixaram de comparecer aos encontros.
De 2020 a 2022, o conselho se reuniu em 13 ocasiões. Os ministros do Meio Ambiente marcaram presença em poucos eventos. Em 2020 e 2021, o ex-ministro Ricardo Salles foi a cinco encontros do colegiado. O atual titular da pasta, Joaquim Leite, mesmo estando na direção do ministério desde junho de 2021, participou apenas do primeiro e único evento de 2022.
Na última semana, ao ser questionado por jornalistas sobre uma segunda reunião no ano, Mourão disse: “Nós vamos fazer reunião agora em agosto aí. Algum momento de agosto ou setembro”.
Em relação às idas à Amazônia no primeiro semestre de 2022, o general esteve em Manaus no primeiro e último dias de junho, 1/6 e 30/6, respectivamente. Em ambas as ocasiões foram passagens rápidas, para uma solenidade militar comemorativa à Semana do Guerreiro da Selva e para a abertura da ExpoAmazônia.
Desmatamento
Segundo dados do sistema Deter, do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe), do começo de julho, o mês de junho bateu mais um recorde de desmatamento. Foi a maior alta nos índices, pelo terceiro ano consecutivo. Ao todo, 1.120 km² devastados no bioma, segundo a análise. Se trata da maior marca desde 2016, início da série histórica.
Com a atualização das estimativas de junho, no acumulado do ano, essa área chega a 3.988 km2, número 10,6% maior que o mesmo período de 2021 que já havia sido recorde da série.
De acordo com o Relatório Anual do Desmatamento no Brasil, do MapBiomas, também divulgado em julho, em 2021, o Brasil perdeu 16,5 mil quilômetros quadrados de cobertura de vegetação nativa. Pelo menos seis biomas brasileiros tiveram crescimento no índice de desmatamento.
A área mais impactada foi a Amazônia, que concentrou 59% das perdas de 2021. Somente nesse bioma, foram desmatados 111,6 hectares por hora, ou 1,9 hectare por minuto — o equivalente a 18 árvores por segundo.