Veja raio-X dos partidos que brigam por filiação de Bolsonaro
Presidente deve bater o martelo sobre legenda até o fim de março. Estrutura partidária, tempo de TV e fundo partidário estão em jogo
atualizado
Compartilhar notícia
Sem partido há mais de um ano, o presidente Jair Bolsonaro se encontra às voltas com a definição de uma legenda para se filiar a fim de disputar a reeleição em 2022. A legislação eleitoral determina que o candidato precisa estar vinculado a uma sigla até seis meses antes do início do primeiro turno, que ocorre no primeiro domingo de outubro.
Apesar de ainda ter mais de um ano para definir sua opção, o presidente já disse que vai decidir seu futuro político em março. Auxiliares de Bolsonaro evitam cravar a sigla preferida por ele, mas questões práticas, como recursos em caixa e tempo de rádio e TV, além do controle do partido, pesarão na escolha.
A representatividade dos partidos políticos na Câmara dos Deputados serve de base de cálculo para a distribuição do tempo da propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão, por isso também é importante que a sigla tenha representação na Casa.
Os partidos que oficialmente convidaram o presidente para integrar seus quadros são PTB, PL, PP e Patriota. Republicanos, ao qual dois dos três filhos políticos do presidente são filiados, também teria interesse.
Nos últimos dias, o entorno do presidente intensificou conversas com siglas consideradas “nanicas”, como PMB, PSC, DC e PMN, que têm pouca ou nenhuma representação no Congresso Nacional. Além dessas, Bolsonaro ainda pode voltar ao PSL, que se encontra dividido desde a saída dele da legenda, em novembro de 2019.
Desses 10 partidos, alguns possuem maior estrutura para abrigar o presidente e seus aliados, como o PP, legenda à qual Bolsonaro foi filiado entre 2005 e 2016, quando era deputado federal, e o PSL, partido pelo qual foi eleito presidente da República, em 2018.
“Espero, em março, decidir o meu futuro político. Alguns partidos acenaram para mim. Até o próprio PSL, conversei com o PSL também, entre outros partidos, repito”, destacou Bolsonaro em sua live na última quinta-feira (11/3). A sigla, que hoje tem o maior número de deputados federais (veja nos gráficos abaixo), é atrativa em razão da fatia de fundos públicos da qual dispõe.
Por outro lado, caso Bolsonaro decida ir para alguma legenda “nanica”, terá à sua disposição menos tempo de rádio e TV e, ainda, menos recursos para se reeleger. Em campanha aberta contra o PT, que pode ter o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como candidato em 2022, os recursos serão, provavelmente, um diferencial na disputa.
A decisão impacta também os aliados, que devem acompanhar o presidente no novo partido. Em uma estrutura partidária menor, esses políticos – alguns novatos e pouco conhecidos – não contariam com aparições na TV nem verba para campanha.
Controle do partido
Ao mesmo tempo em que pesam na escolha o tamanho dos fundos partidário e eleitoral e o tempo de TV, Bolsonaro também quer ter o controle da executiva nacional do futuro partido e de diretórios estaduais estratégicos, como admitiu recentemente. Essa concorrência foi a principal razão que levou Bolsonaro a deixar o PSL.
Os caciques das siglas mais robustas, contudo, resistem em aceitar os termos propostos pelo presidente, o que deixa legendas nanicas como opção.
Em comum entre as legendas que cortejam Bolsonaro está o espectro político, essencialmente de direita. Afora o PSL, que está dividido entre uma ala pró-Bolsonaro e outra mais distante do presidente, os demais partidos têm grande interesse na filiação de Bolsonaro, tanto porque ela garante expressiva chegada de novos filiados e quadros políticos quanto porque o ingresso do mandatário pode fortalecer o partido – tal qual ocorreu com o PSL em 2018.
Aliança pelo Brasil
O chefe do Executivo federal anunciou a intenção de fundar uma agremiação própria – o Aliança pelo Brasil, em novembro de 2019, quando deixou o PSL após divergências com um grupo de parlamentares e o presidente nacional da sigla, o deputado federal Luciano Bivar (PE).
O Aliança, porém, ainda está longe do número mínimo de assinaturas necessárias para registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) – 491.967 assinaturas. Até o momento, o TSE aponta que foram reunidas 79.361 assinaturas em todo o país.