Veja quem deve entrar e sair do PL após filiação de Bolsonaro
Levantamento do Metrópoles lista 29 deputados, seis ministros e dois ex-ministros que devem se filiar e nove parlamentares que podem sair
atualizado
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Às vésperas do ano eleitoral, a filiação do presidente Jair Bolsonaro ao Partido Liberal (PL), presidido por Valdemar Costa Neto, movimentou o cenário político. A bancada da sigla na Câmara, hoje com 43 deputados – a terceira maior da Casa –, deve receber até 30 parlamentares e se tornar a maior. No Senado, com a filiação de Flávio Bolsonaro (RJ), a bancada soma cinco senadores. Pelo menos seis ministros devem acompanhar o presidente na nova legenda.
O PL, contudo, também trabalha para tentar evitar desfiliações causadas pela entrada do presidente da República. Um deputado federal licenciado já anunciou a saída e oito estão avaliando deixar a sigla – entre eles, o vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PL-AM).
A maior parte dos deputados que deverão ingressar nas hostes do PL são bolsonaristas filiados atualmente ao PSL, partido pelo qual Bolsonaro foi eleito em 2018 e que está em processo de fusão com o DEM para formar o União Brasil. Muitos aliados prestigiaram a cerimônia de filiação do presidente na última terça-feira (30/11), em Brasília.
Esses parlamentares em outros partidos aguardam a oportunidade de troca sem punição que poderá ser aberta no momento da homologação do União Brasil no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ou a janela partidária – que ocorre seis meses antes de cada pleito – para poderem concretizar a mudança.
A preocupação do grupo é não incorrer em infidelidade partidária, o que poderia acarretar a perda de mandato. Por esse motivo, apenas Flávio, filho “01” de Bolsonaro, por ser senador (cargo majoritário, para o qual o entendimento é de que o mandato pertence ao eleito, não ao partido), já se filiou ao PL, mas a legenda também será o destino do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).
“Agora não há janela para eu migrar, caso contrário posso incorrer em infidelidade partidária. Nós estamos atentos. Como teve a fusão do PSL com DEM, quando houver a homologação pelo TSE vai se abrir uma janela ou, se não, tem a [janela partidária] do ano que vem. A possibilidade de irmos para o PL é grande, porque nós temos a intenção de continuar junto do presidente Bolsonaro na eleição no próximo ano e de preferência no mesmo partido”, disse a deputada Caroline de Toni (PSL-SC). “Já estamos em conversa e harmonizando isso para Santa Catarina”, acrescentou.
“[Tenho] 99% de convicção. Só [preciso] mesmo ter certeza da conjuntura em Minas, como vai ficar a situação lá e concretizar essa mudança quando a janela for aberta”, afirmou o deputado Junio Amaral (PSL-MG).
Alguns deputados também analisam as peculiaridades regionais antes de anunciar a migração, o que pode fazer esse quantitativo de filiados mudar. Neste caso, a alternativa é uma parte deles migrar para PP ou Republicanos, que devem se coligar com o PL. Esses partidos, aliás, devem compor o núcleo duro da base governista na campanha pela reeleição de Bolsonaro.
Ministros e ex-ministros
O ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, já se filiou ao PL visando à eleição ao governo do Rio Grande do Norte. Ele não é o único auxiliar de Bolsonaro que vai assinar a ficha de filiação ao partido de Valdemar Costa Neto vislumbrando a disputa de 2022.
O ministro do Trabalho e Previdência, Onyx Lorenzoni (DEM), já confirmou que se filiará ao partido para disputar o governo do Rio Grande do Sul. A ministra da Agricultura, Tereza Cristina (DEM-MS), avalia a troca de sigla para disputar governo de Mato Grosso do Sul ou o Senado. E o ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, deve trocar o PSL pelo PL e disputar uma vaga na Câmara dos Deputados por São Paulo.
O ministro do Turismo, Gilson Machado, deve disputar o governo de Pernambuco ou uma vaga ao Senado, em situação semelhante à do ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, que avalia se disputa o governo de São Paulo ou uma vaga ao Senado (talvez por Goiás).
Dois ex-ministros de Bolsonaro também estão de malas prontas para o PL – Ricardo Salles (SP), que analisa se disputa um cargo de deputado estadual ou federal, e Eduardo Pazuello (RJ), que deve disputar cadeira na Câmara Federal.
Saída
A chegada de Bolsonaro, entretanto, também gerou incomodo em parte da bancada, que avalia deixar o partido. O deputado licenciado Maurício Quintella (AL), atualmente secretário de Infraestrutura de Alagoas, foi o primeiro a deixar o PL. Ele anunciou a desfiliação na última quarta-feira (1°/12), um dia depois da filiação de Bolsonaro. “Saio por absoluta incompatibilidade com a política bolsonarista e tudo que ela representa”, disse o ex-ministro do governo Michel Temer.
Além dele, ao menos outros oito deputados estão arrumando as malas – Junior Mano (PL-CE), Fabio Abreu (PL-PI), Marina Santos (PL-PI), Sergio Toledo (PL-AL), Cristiano Vale (PL-PA), Edio Lopes (PL-RR), Fernando Rodolfo (PL-PE) e Marcelo Ramos. Crítico a Bolsonaro, o vice da Câmara deve se reunir na próxima semana com Costa Neto antes de tomar qualquer decisão.
O líder do partido na Câmara disse que trabalha para que ninguém saia, mas avalia que ao menos dois deixarão de fato o partido. “Pode ser que um ou dois pontualmente saiam, mas eu ainda vou trabalhar no sentido de nenhum sair”, disse Wellington Roberto. “Vamos dialogar e estamos na torcida para que fiquem”, acrescentou o deputado Capitão Augusto (PL-SP), vice-líder do partido.
Inclinado a deixar o partido, Fabio Abreu – aliado do governador do Piauí, Wellington Dias (PT) – disse que está observando o cenário antes de definir o futuro. “Só saio do partido se o presidente Jair Bolsonaro intervir no estado. Costumo acreditar nas palavras das pessoas, e o partido garantiu manter as alianças no estado como estavam. Se houver intervenção nisso, eu saio”, afirmou.
Uma das condições explicitadas por Bolsonaro para se filiar ao PL foi o compromisso do presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, de que o partido não se aliaria a legendas de esquerda nos estados.