Veja quais integrantes de outros governos estarão na gestão Bolsonaro
Ex-ministro de Dilma, Joaquim Levy irá para o BNDES; titular da CGU e integrante da AGU de Temer manterão os cargos
atualizado
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Eleito sob a promessa de promover mudanças profundas na estrutura governamental e abandonar o que ele classifica de “velha política”, o próximo presidente do Brasil tem surpreendido ao divulgar, desde o fim de outubro, nomes conhecidos dos brasileiros para compor sua futura gestão. Integrantes do primeiro escalão dos governos Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff e Michel Temer, servidores de carreira de órgãos públicos e parlamentares com longa trajetória no Legislativo Federal têm sido convocados por Jair Bolsonaro para assessorá-lo no comando do país – muitos já aceitaram o convite.
Vêm da Câmara dos Deputados três futuros ministros: Onyx Lorenzoni, que comandará a Casa Civil; Luiz Henrique Mandetta, escolhido para a Saúde; e Tereza Cristina, indicada à Agricultura. Chamou atenção o fato de os três serem deputados federais e integrarem o mesmo partido, o Democratas (DEM).
Mas a decisão até agora mais surpreendente de Bolsonaro foi a de manter no núcleo central do próximo governo o ex-ministro da Fazenda do governo Dilma: o economista Joaquim Levy (na foto em destaque, ao lado da ex-presidente). Ele aceitou, semana passada, o convite do futuro titular da Economia, Paulo Guedes, para presidir o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) a partir de 2019. Levy também chefiou a Secretaria do Tesouro Nacional em 2003, no início do governo do ex-presidente Lula.
A trajetória petista do futuro colaborador de Bolsonaro desagradou os apoiadores mais radicais do presidente eleito, que foram para as redes sociais reclamar da manutenção de Levy na gestão federal. A ala mais de direita dos partidos aliados, em especial o próprio PSL, também engrossou o coro dos insatisfeitos com a decisão do próximo mandatário do país.
A interlocutores, Paulo Guedes tem reclamado dessa necessidade exacerbada de mudança imposta pelos assessores e pelo próprio Bolsonaro. Segundo ele, há nomes importantes que nem sequer foram levados em consideração por já terem trabalhado com outros políticos anteriormente. O futuro ministrou considera muito difícil chegar a um meio-termo que agrade ao mercado e também aos parlamentares.
“Hoje, você dá um nome conhecido e o mercado fica feliz, as ações sobem, tudo se acalma. Mas aí, no mundo político, isso não cai bem. Os eleitores reclamam, lá na base, quando você chega com um cara que trabalhou com PT ou com o Temer. Ou seja, você acalma o mercado, mas fere a ala política”, explicou um dos economistas que participam do governo de transição.
O Metrópoles apurou inclusive que o nome do atual presidente da Petrobras foi barrado justamente por isso. Ivan Monteiro era cotado para assumir a presidência do Banco do Brasil, mas acabou cortado pelo próprio Bolsonaro, apesar da insistência de Guedes em nomeá-lo.
Além de estar no governo de Michel Temer (MDB), pesou contra Monteiro o fato de ele ter trabalhado com Aldemir Bendine, ex-presidente da estatal e condenado por corrupção. Sérgio Moro, futuro ministro da Justiça, também foi contra sua nomeação.
De Temer a Bolsonaro
Antes do desgaste político, Bolsonaro conseguiu emplacar alguns nomes do governo Temer. O principal deles eles é Wagner Rosário. Ele é o atual ministro da Transparência e Controladoria-Geral da União (CGU) e permanecerá no cargo nos próximos quatro anos.
Rosário foi o primeiro nome do primeiro escalão do atual presidente da República a ser indicado pelo futuro chefe do Executivo federal. Mansueto Almeida, atual secretário do Tesouro Nacional, também será mantido no cargo, no novo governo.
Já o próximo presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, integrou o Conselho de Administração da estatal em 2015, durante o governo Dilma Rousseff. Ao Metrópoles, ele disse que entrou na empresa a convite do então presidente do conselho, Murilo Ferreira.
Fiquei até o final do mandato brigando com o cidadão que hoje mora em Curitiba por causa do ministro Moro
Roberto Castello Branco brincando ao se referir ao ex-presidente Lula
O advogado André Luiz de Almeida Mendonça completa, por ora, a lista de nomes conhecidos que estarão com Bolsonaro: ele irá chefiar a Advocacia-Geral da União (AGU). Em 2008, Mendonça foi nomeado diretor do Departamento de Patrimônio Público e Probidade Administrativa da Procuradoria-Geral da União e, em 2016, assumiu o cargo de corregedor-geral da AGU. Atualmente, ele é assessor especial do ministro Wagner Rosário, que continuará na CGU.