Veja o discurso e as principais frases de Bolsonaro sobre Moro
Presidente fez um pronunciamento de 45 minutos, contradizendo o agora ex-ministro da Justiça, que pediu demissão do cargo nesta manhã
atualizado
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Em resposta ao pedido de demissão do agora ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) veio a público, na tarde desta sexta-feira (24/04) para comentar sobre a saída de Moro de seu governo.
Em 45 minutos, Bolsonaro se defendeu de acusações feitas por Moro, sobre as interferências políticas tentadas pelo chefe do Executivo na superintendência da Polícia Federal. “Mais de uma vez, o senhor Sergio Moro disse para mim: ‘Você pode trocar o Valeixo, sim, mas em novembro, depois que o senhor me indicar para o STF’”, declarou Bolsonaro.
Poucos minutos depois, via Twitter, Moro revidou, negando a declaração dada pelo presidente. “A permanência do Diretor Geral da PF, Maurício Valeixo, nunca foi utilizada como moeda de troca para minha nomeação para o STF. Aliás, se fosse esse o meu objetivo, teria concordado ontem com a substituição do Diretor Geral da PF”, publicou.
Veja, também, as principais frase do pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro:
“Senhores e Senhoras, boa tarde, meus ministros, imprensa, povo brasileiro que me assiste. Sabia que não seria fácil. Uma coisa é você admirar uma pessoa, outra é conviver com ela, é trabalhar com ela.”
“Confesso que fiquei triste, porque ele era um ídolo pra mim. Eu era apenas um deputado, humilde deputado como é ou como são a maioria dos que estão no parlamento brasileiro. Não vou dizer que chorei porque estaria mentindo, mas fiquei muito triste”.
Nessa frase, Bolsonaro relembra de um encontro que teve com Sergio Moro no aeroporto de Brasília, em 2017, quando ele ainda era deputado. O presidente disse que foi praticamente ignorado pelo agora ex-ministro e que a imprensa noticiou isso à época, descreditando o então deputado. Moro estava na Vara Federal de Curitiba, à época.
“No Einstein em São Paulo recebi uma ligação de uma pessoa que queria fazer com que o Sergio Moro queria me visitar. Eu fiquei feliz, mas reclinei” .
Aqui, Bolsonaro relembra o atentado sofrido, durante a campanha em Juiz de Fora (MG). Após ser socorrido na cidade mineira, o então candidato foi transferido posteriormente para o hospital na capital paulista e, lá, teria recebido a proposta de visita do então juiz, Sergio Moro.
“Após a vitória [nas eleições], eu recebi o senhor Sergio Moro na minha casa na Barra da Tijuca. Presente ao meu lado o Paulo guedes, o homem que eu já havia escolhido para ser ministro da Economia, e ali traçamos como ele seria tratado caso aceitasse o nosso convite para ser ministro da Justiça”.
Durante o pronunciamento, o presidente frisou, diversas vezes, que Moro não participou da campanha eleitoral de 2018 e que sequer sabe em que Moro votou no primeiro turno. “Nem quero saber”, disse.
Sobre a Polícia Federal, Bolsonaro disse que nunca pediu para saber sobre andamento de processo. E disse que o ex-ministro gostaria de fazer uma indicação sem a opinião dele, o que não foi concordado.
“Fala-se em interferência na PF, oras bolas, se eu posso trocar um ministro, por que não posso de acordo com a lei trocar o diretor da PF? Eu não tenho que pedir autorização pra ninguém, pra trocar o diretor ou qualquer um outro. Que esteja na pirâmide hierárquica do poder executivo. Será que é interferir na PF quase que exigir e implorar a Sergio Moro que apure quem mandou matar Jair Bolsonaro?”
Bolsonaro, em seu pronunciamento, disse que a Polícia Federal comandada pelo então ministro Moro “se preocupou mais com Marielle Franco do que com seu chefe supremo”. A vereadora carioca foi executada em 2017, no Rio, a tiros de fuzil.
O presidente disse que o caso dele, da facada que recebeu em Juiz de Fora (MG), “está muito menos difícil de solucionar”. Diante disso, assumiu que cobrou do então ministro sobre a investigação de seu atentado.
“Isso é interferir na Polícia Federal? Será que pedir à Polícia Federal, quase que implorar, via ministro, para que fosse apurado o Caso Marielle, no caso porteiro da minha casa 58, na avenida Lúcio Costa, 3100?”
“Eu nunca pedi para ele o andamento de qualquer processo. Até porque, a inteligência na gestão dele quase perdeu espaço”.
Sobre a polêmica envolvendo o porteiro do condomínio Vivendas da Barra, no Rio de Janeiro, onde o presidente tem uma casa, Bolsonaro disse que exigiu da Polícia Federal que o funcionário fosse investigado. O porteiro em questão disse que a voz, que autorizou a entrada de Élcio de Queiroz, um dos acusado de matar Marielle, em seu condomínio era do “Seu Jair”. A informação foi contradita posteriormente, quando a perícia apontou que a voz que liberou a entrada do assassino da vereadora não é a do porteiro que citou Bolsonaro.
“É exigir da Polícia Federal muito? Via seu ministro? Pra que esse porteiro fosse investigado? Com todo respeito a todas as vidas do Brasil, acredito que a vida do Presidente da República tem um significado. Afinal de contas, é um chefe de estado. Isso é interferir na Polícia Federal? Cobrar isso da sua Polícia Federal? Confesso que ao longo tempo, como bem vos lhes disse, uma coisa é ter uma imagem e conhecer uma pessoa, a outra é conviver com ela. Nunca pedi pra ele que a PF me blindasse onde quer que fosse”, disse Bolsonaro, no pronunciamento.
Bolsonaro disse, também, que a saída de Valeixo da direção-geral da PF foi a pedido do policial. “Ele dizia que queria sair”, detalha o presidente.
“Valeixo disse numa videoconferência com seus 27 superintendentes que queria deixar a Polícia Federal desde janeiro. Comecei a fazer consultas com o senhor ministro para fazermos a troca. Porque nós somos homens e ninguém é de ferro”.