Veja como funcionava o esquema de desvios na Saúde do governo Witzel
Polícia Federal cumpriu 17 mandados de prisão e 72 de busca e apreensão contra envolvidos no esquema
atualizado
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A Polícia Federal, o Ministério Público e a Receita Federal cumprem 17 mandados de prisão e 72 de busca e apreensão em endereços ligados à cúpula do governo do Rio de Janeiro. Entre os alvos estão o governador carioca, Wilson Witzel, o vice-governador Cláudio Castro, e o presidente da Assembleia Legislativa do estado, André Ceciliano.
As diligências foram autorizadas pelo ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Benedito Gonçalves, que também determinou o afastamento de Wilson Witzel do cargo.
Os mandados são cumpridos no Palácio Laranjeiras, Palácio Guanabara, residência do vice-governador, Alerj, além de outros endereços nos estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo, São Paulo, Alagoas, Sergipe, Minas Gerais e no Distrito Federal. Também está sendo alvo de busca e apreensão um endereço no Uruguai, local onde estaria um dos investigados cuja prisão preventiva foi decretada.
Segundo a força-tarefa, o principal mecanismo de obtenção de recursos era por meio do direcionamento de licitações de organizações sociais, mediante a instituição de uma “caixinha de propina”, abastecida pelas OSs e fornecedores.
O esquema também respingou na Alerj, onde deputados estaduais repassavam sobras de recursos do Poder Legislativo para a conta única do tesouro estadual. Dessa forma, os valores eram depositados no Fundo Estadual de Saúde, que irriga os fundos municipais indicados pelos deputados que, por sua vez, recebiam de volta parte dos valores.
A denúncia também abrange o Poder Judiciário. Um esquema teria sido arquitetado por um desembargador do trabalho para beneficiar as OSs por meio de pagamento de dívidas trabalhistas judicializadas. Para participar, as organizações tinham de contratar uma advogada indicada pelo magistrado que, após receber os honorários, repassava os valores para os participantes do esquema.
Esquema em três frentes
Segundo o jornal O Globo, a força-tarefa dividiu o esquema em três eixos. Eles seriam liderados pelo presidente nacional do PSC, Pastor Everaldo, pelo empresário Mário Peixoto e pelo ex-pró-reitor administrativo da Universidade Iguaçu (Unig).
O ex-secretário de Saúde Edmar Santos fez um acordo de delação e detalhou como funcionava o esquema de desvios na Saúde. As operações Favorito e Placebo inicialmente miravam Mário Peixoto, mas ganharam força com informações fornecidas pelo ex-secretário.
Segundo o jornal, a investigação destaca o envolvimento da primeira-dama, por meio do escritório de advocacia, bem como o do ex-secretário de Desenvolvimento Econômico Lucas Tristão e o do ex-prefeito de Volta Redonda Gothardo Lopes Neto, apontado como braço direito de Witzel.
Todos os envolvidos, incluindo o governador, foram denunciados no STJ por corrupção e lavagem de dinheiro.
As investigações apontam que Peixoto foi o elo entre os esquemas Witzel e Cabral. A força-tarefa mostrou que o empresário não só manteve o esquema de corrupção do governo anterior como ampliou a abrangência, montando uma rede de empresas de fachada.
Witzel foi mencionado na operação Favorito durante uma conversa entre o empresário Luiz Roberto Martis Soares e o ex-prefeito de Nova Iguaçu. No diálogo, ocorrido em 24 de março, Martins liga para Bornier para informar sobre ato de revogação da desqualificação da organização social Unir. “O 01 do palácio assinou aquela revogação da desclassificação da Unir”, disse Luiz Roberto, conforme O Globo.
Outro lado
Por meio de nota, a Unig informou que José Carlos Melo não é mais pró-reitor desde junho. A rescisão foi comunicada a ele no dia 5 de junho, sendo formalizada mediante notificação no dia 24 do mesmo mês.
“Importante mencionar que, desde a data da notificação, José Carlos de Melo não mantém mais qualquer relação com a instituição, e que a universidade não possui informações sobre eventuais atividades empresariais exercidas por ele fora da instituição”, informou a universidade.