Veja: antes de live, assessor fala a Bolsonaro sobre efeitos da vacina
Presidente voltou a citar efeitos colaterais do imunizante e disse que vacinação de crianças de 5 a 11 anos não será obrigatória
atualizado
Compartilhar notícia
O presidente Jair Bolsonaro (PL) foi aconselhado por um de seus assessores sobre o que seriam efeitos adversos da vacina da Pfizer/BionTech contra a Covid-19 em crianças de 5 a 11 anos. A cena foi exibida sem que o chefe do Executivo federal soubesse que a sua transmissão semanal nas redes sociais, toda quinta-feira, já estava ao vivo.
Bolsonaro destacava trechos de um documento sobre os efeitos colaterais da vacina em crianças quando o assessor diz: “Isso aí é sintoma de miocardite”. Em resposta, o presidente indaga: “Tem certeza?”.
No decorrer da transmissão, o presidente voltou a falar dos efeitos colaterais da vacina em crianças e orientou os pais a terem cuidado.
Veja abaixo:
Live de @jairbolsonaro entra no ar antes da hora e militar aparece orientando Bolsonaro sobre fala contrária à vacinação infantil. “Isso é sintoma de miocardite”.
Quando transmissão começou, foi possível ver que papel citava possíveis – e raros – efeitos colaterais da vacina. pic.twitter.com/rYnh9KjYJn
— Metrópoles (@Metropoles) January 6, 2022
“Vacinação não será obrigatória”, diz presidente
Na live desta quinta, o chefe do Executivo ainda reforçou sua posição contra a vacinação de crianças contra a Covid-19 com o imunizante da Pfizer/BionTech e mandou um “recado” aos pais: a imunização contra do público infantil contra a doença não será obrigatória, repetindo que ele mesmo não vacinará a filha Laura, de 11 anos.
“A vacina [para crianças] será de forma não obrigatória. Então ninguém é obrigado e vacinar o teu filho. Se não é obrigatória, nenhum prefeito ou governador – que existem alguns aí com essa ideia – poderá impedir o garoto ou a garota de se matricular na escola por falta de vacina”, afirmou o presidente, durante transmissão ao vivo nas redes sociais.
Bolsonaro ainda voltou a falar dos efeitos adversos da vacina da Pfizer em crianças, a desestimular a imunização do público infantil e também falou, mais uma vez, que sua filha Laura não será vacinada: “Eu adianto a minha posição: a minha filha de 11 anos não será vacinada. Se você quiser seguir o meu exemplo, tudo bem. Se não quer, tudo bem, um direito teu”.
Atualmente, crianças brasileiras tomam pelo menos 18 vacinas de forma obrigatória. De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente, “é obrigatória a vacinação das crianças nos casos recomendados pelas autoridades sanitárias”.
Em caso de descumprimento, os pais podem ser multados de três a 20 salários mínimos ou R$ 3.300 a R$ 22 mil. Os responsáveis também podem ser acusados de negligência e até responder por homicídio doloso, quando não há intenção de matar, se ficar provado que a criança morreu por não tomar vacina.
Bolsonaro sobre vacinação de crianças: “Qual o interesse da Anvisa?”
Sem exigência de receita médica
Nessa quarta-feira (5/1), o Ministério da Saúde decidiu por não determinar a obrigatoriedade de receita médica para vacinação de crianças contra a Covid-19. A intenção inicial do governo era exigir prescrição médica. Contudo, após a audiência pública realizada na terça(4/1) com membros de entidades médicas, a pasta decidiu recuar.
Dos 18 participantes da audiência, apenas três se opuseram à imunização de crianças. Além disso, durante o encontro, a secretária Extraordinária de Enfrentamento à Covid, Rosana Leite de Melo, afirmou que a maioria dos participantes da consulta pública sobre o tema se opôs à exigência da receita.
Mesmo sem receita, Saúde quer que pais busquem médico antes de vacina
Mortes a cada 2 dias
No ano passado, Bolsonaro voltou a falar que a vacinação de crianças “não se justifica”, pois, segundo ele, o índice de mortes de crianças para a Covid-19 não é grande. Apesar disso, o Brasil registrou 301 mortes de crianças entre 5 e 11 anos em decorrência do coronavírus desde o início da pandemia até o dia 6 de dezembro.
Isso corresponde a 14,3 mortes por mês, ou uma a cada dois dias, segundo dados da Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização da Covid-19. Esse é o grupo etário para o qual a Anvisa aprovou a aplicação do imunizante da Pfizer na última semana.
Os dados também mostram que 2.978 crianças receberam diagnóstico de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) por Covid-19, com 156 mortes, em 2020. Neste ano, já foram registrados 3.185 novas infecções e 145 falecimentos. No total, o país contabiliza 6.163 casos e 301 óbitos.
Segundo a Conitec, além dos casos de SRAG por Covid-19, até o último dia 27 de novembro, foram confirmados 1.412 casos da Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica associada à Covid-19 em crianças e adolescentes de zero a 19 anos – entre os diagnosticados, 85 morreram.
Cronograma
As primeiras doses de vacina para crianças contra a Covid-19 serão distribuídas a partir de 14 de janeiro, quando estados e municípios vão receber as primeiras doses pediátricas.
O cronograma de entrega dos imunizantes foi divulgado pelo secretário-executivo da pasta, Rodrigo Cruz, em coletiva nesta quarta-feira (5/1). Cerca de 3,74 milhões de doses do imunizante da Pfizer para a faixa etária de 5 a 11 anos chegam ao país ainda neste mês.
Para o primeiro trimestre de 2022, a previsão é que o ministério receba 20 milhões de doses para crianças. A estimativa da pasta é que a primeira remessa da Pfizer chegue ao Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas (SP), em 13 de janeiro.
De acordo com a Anvisa, a vacina será administrada em duas doses, com intervalo de 21 dias entre cada aplicação. Além disso, a dosagem do imunizante será especial, de apenas 3 microgramas. Para adultos, o volume é de 10 microgramas.
“A partir da experiência com as doses para adultos, a previsão é que, em 24 horas, possamos distribuir [as vacinas] para estados e municípios”, explicou Rodrigo Cruz.
Está prevista para janeiro a chegada de três voos, um por semana, a partir de 13 de janeiro, com 1,248 milhão de doses cada. As datas definitivas, porém, não estão fechadas pela companhia farmacêutica. A empresa não descartou a possibilidade de pequenas variações.