Vaza Jato: Moro teria autorizado busca sem pedido do MP
O atual ministro de Jair Bolsonaro (PSL) teria orientado e trocado colaborações com procuradores e também com delegados da Polícia Federal
atualizado
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O ministro da Justiça e ex-juiz da Lava Jato, Sergio Moro, teria autorizado ação de busca e apreensão em casas de suspeitos investigados sem qualquer provocação do Ministério Público. As informações aparecem em diálogos entre procuradores da força-tarefa obtidos e publicados pelo site The Intercept Brasil neste sábado (19/10/2019). O material faz parte do acervo da Vaza Jato, obtido via fonte anônima.
“Russo [Sergio Moro] deferiu uma busca que não foi pedida por ninguém… hahaha. Kkkkk”, teria dito o delegado da Polícia Federal (PF) destacado para a Lava Jato Luciano Flores, em um grupo no aplicativo Telegram.
“Como assim?!”, teria respondido Renata Rodrigues, outra delegada que trabalhava na operação. “Normal… deixa quieto… Vou ajeitar… kkk”, completaria Flores.
Segundo a reportagem, o atual ministro de Jair Bolsonaro (PSL) teria orientado e trocado colaborações com procuradores do Ministério Público Federal e também com delegados da PF.
Moro teria ajudado no planejamento da operação de condução coercitiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para prestar depoimento e orientado sobre o que deveria ser apreendido.
“Vai pedir pra apreender as caixas do sindicato?”, teria questionado o delegado Márcio Anselmo. “Moro pediu parcimônia nessa apreensão. Acho que vale a pena ver exatamente o que vamos apreender”, teria respondido o procurador Roberson Pozzobon.
De acordo com a reportagem, foram localizadas nas supostas conversas ao menos nove referências a encontros entre delegados da PF e Sergio Moro.
Em uma outra oportunidade, o procurador Athayde Ribeiro Costa teria perguntado onde encontraria uma planilha apreendida que descrevia pagamentos a políticos. “Oi Athayde, o russo [Moro] tinha dito pra não ter pressa pra eprocar isso, daí coloquei na contracapa dos autos e acabei esquecendo de eprocar”, teria informado a delegada Erika Marena.
Procurada, a força-tarefa da Lava Jato informou que não reconhece as mensagens. “O material é oriundo de crime cibernético e tem sido usado, editado ou fora de contexto, para embasar acusações e distorções que não correspondem à realidade. O site prejudica o direito de resposta ao não fornecer todo o material que diz usar na publicação”, disse por meio de nota.