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Vaza Jato: Deltan teria rejeitado receber prêmio ao lado de Bolsonaro

De acordo com a força-tarefa da Operação em Curitiba, o objetivo era não se vincular a bandeiras político-ideológicas

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Assinaturas anticorrupção no MPDFT – Brasília(DF), 03/06/2016
1 de 1 Assinaturas anticorrupção no MPDFT – Brasília(DF), 03/06/2016 - Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles

Deltan Dallagnol, coordenador da Operação Lava Jato em Curitiba (PR), não quis receber um prêmio ao lado do presidente, Jair Bolsonaro (PSL), e “outros radicais de direita”, como supostamente revelam diálogos. A ideia, segundo a defesa afirmou em nota, era não se vincular a bandeiras político-ideológicas.

As mensagens foram publicadas nesta quarta-feira (14/08/2019) pelo site UOL Notícias e fazem parte do acervo da Vaza Jato recebido de forma anônima pelo The Intercept Brasil. Os diálogos publicados nesta quarta ocorreram em 2016 no grupo Filhos do Januário 1, que reúne procuradores do Ministério Público Federal (MPF) no Paraná.

“Vou receber porque me parece positivo para a LJ [Lava Jato], mas vou pedir para ressaltarem de algum modo, preferencialmente oficial, que entregam a mim como símbolo do trabalho da equipe”, teria dito Deltan, em 5 de outubro. O prêmio em questão foi o Liberdade 2016. Três dias antes do evento, contudo, o procurador teria sido aconselhado por um assessor a mudar de ideia.

“Você vai mesmo no evento deles neste sábado? Com Bolsonaro como palestrante? Por favor, repense…”, teria dito o assessor. “Por favorzinho… tudo o que você e a FT [força-tarefa] não precisam é ser ‘associados’ ao Bolsonaro. É a mesma coisa que receber prêmio do Foro de BSB [Brasília]. Estou quase implorando”, teria complementado.

Deltan teria mudado de opinião e avisado no dia 20 ao grupo Filhos de Januário 1 que não iria à premiação. Segundo ele, o evento “tem perfil muito de direita, com Jair Bolsonaro como um dos vários palestrantes e com homenagem a um vereador de SP que foi um dos líderes do impeachment”. O vereador a que Dallagnol se refere é Fernando Holiday (DEM-SP).

Entre 3 e 6 de dezembro do mesmo ano, a Lava Jato recebeu dois troféus. No dia 7, Roberson Pozzobon teria dito em mensagem no grupo do Telegram ter recebido o prêmio entregue a Roberto Livianu, que foi no lugar de Deltan Dallagnol. “Três em uma semana da Guiness?”, teria perguntado Pozzobon.

“Pode pedir música no fantástico”, responderia Antonio Carlos Welter. Deltan Dallagnol não ficou de fora. “Prêmio bonitão heim??? Esse é aquele em que ele nos representou quando cancelei a ida para SP porque é um instituto liberal e estariam lá Bolsonaro e outros radicais de direia… guiness!!”, teria dito o chefe da operação.

Essa não foi a única vez que os procuradores da força-tarefa se mostraram contrários ao presidente Jair Bolsonaro. Em abril de 2017, Deltan supostamente enviou um vídeo e perguntou aos colegas se poderia compartilhar, pois havia políticos. “São de diferentes partidos em tese”, disse. Laura Tessler teria achado melhor não.

Orlando Martello responderia que “sim”, porque o conteúdo tinha a ver com a bandeira da força-tarefa e para que os políticos vissem que todos que apoiarem “esta causa terão propaganda positiva nossa”. Paulo Galvão, por sua vez, teria dito que o importante era a mensagem e que isso dependeria de quais políticos estavam no vídeo.

“Quais são os políticos? Não vai replicar vídeo do bolsonaro pelamor (sic)”, teria destacado Galvão.

Defesa
Em nota, a Lava Jato afirmou que evita a “participação direta de seus membros em eventos que possam gerar, ainda que indevidamente, a vinculação do trabalho técnico feito na Lava Jato a bandeiras ideológicas e político-partidárias”. O texto ainda diz que o MPF reconhece a legitimidade de correntes políticas “que respeitem a Constituição e a democracia”.

“No caso do evento indicado, a força-tarefa se fez representar por um promotor de justiça de São Paulo, que ali reside e compareceu com o restrito objetivo de receber o prêmio em nome da força-tarefa”, completa o texto.

O Ministério Público Federal no Paraná acrescentou que a equipe de procuradores “não reconhece o material, oriundo de crime cibernético, sujeito a alterações e descontextualizações diversas”.

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