Vacina e fake news: CPI ouve Helcio Bruno, do Instituto Força Brasil
O tenente-coronel foi citado em, ao menos, três depoimentos como facilitador entre vendedores de vacinas e o Ministério da Saúde
atualizado
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A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 ouve, nesta terça-feira (10/8), o tenente-coronel Helcio Bruno, presidente do Instituto Força Brasil. O objetivo do depoimento é entender a atuação da entidade bolsonarista como facilitadora da comunicação entre vendedores de vacinas e o Ministério da Saúde, além da propagação de fake news sobre a pandemia de Covid-19.
O tenente-coronel foi citado nos depoimentos de Cristiano Carvalho e de Luiz Paulo Dominguetti, da Davati Medical Supply, e do reverendo Amilton Gomes de Paula, como facilitador da reunião entre os vendedores de vacinas e o ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde Elcio Franco. Na ocasião, teria sido discutida a proposta de venda de 400 milhões de doses de vacinas. O encontro ocorreu em 12 de março.
A reunião foi realizada dias depois do suposto pedido de propina de US$ 1 por dose do ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde Roberto Ferreira Dias a Dominguetti durante jantar num restaurante no Brasília Shopping, da capital federal.
Ademais, o vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), destaca que o Instituto Força Brasil já estava sob análise na CPMI da Fake News e no inquérito sobre fake News que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF). “Era negacionista, mas queria negociar vacina”, ironizou o presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM).
O Instituto Força Brasil se apresenta como uma entidade “pró-vida, pró- família, pró-armas e pró-liberdade” e divulga notícias de sites que estão sob investigação devido à propagação de fake news. O vice-presidente da entidade, Otávio Fakhory, investigado pelo STF no âmbito do Inquérito das Fake News, é considerado um dos articuladores da militância digital bolsonarista.
Este deve ser o último depoimento sobre as suspeitas de pedido de propina na compra de vacinas envolvendo a Davati e o Ministério da Saúde.
Habeas corpus
Com habeas corpus, o tenente-coronel tem o direito de ficar em silêncio e não produzir provas contra si, mas é proibido faltar com a verdade.
No entanto, o presidente do STF, Luiz Fux, destacou, em decisão no dia 13 de julho, que cabe ao depoente o direito de avaliar o que pode ou não autoincriminá-lo e cabe à CPI da Covid decidir se ele abusa ou não do direito fundamental e, diante disso, poderá adotar as providências que julgar cabíveis.
Depoimentos
Os senadores ouvem Jailton Batista, diretor-executivo da Vitamedic Indústria Farmacêutica, empresa que teria lucrado com a venda de medicamentos sem comprovação de eficácia para o tratamento da Covid-19, na quarta (11/8), e o deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo na Câmara, na quinta-feira (12/8).
Barros teria sido citado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) como envolvido no esquema da vacina Covaxin, quando os irmãos Miranda o avisaram sobre as supostas irregularidades nas negociações desse imunizante. Barros nega envolvimento. Bolsonaro não se manifestou sobre o assunto.