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Univaja critica PF sobre Bruno e Dom. E alerta: “Teremos mais mortes”

Documentos entregues ao Senado contêm relatos de ameaças, exploração ilegal e omissão de autoridades no Vale do Javari

atualizado

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Protesto em Londres pede por Dom Phillips e Bruno Araújo
1 de 1 Protesto em Londres pede por Dom Phillips e Bruno Araújo - Foto: Photo by Victoria Jones/PA Images via Getty Images

Em audiência pública no Senado, nesta quarta-feira (22/6), o procurador jurídico da Univaja, Eliesio Marubo, criticou as investigações da Polícia Federal sobre o assassinato do jornalista Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira. Segundo ele, a corporação não levou em consideração informações sobre ameaças e atuação de organizações criminosas já levantadas pela instituição e repassadas às autoridades.

Marubo discordou da versão apresentada pela PF de que não há mandante ou organização criminosa por trás do crime. Também fez um alerta, caso as informações sejam desprezadas e providências não sejam tomadas para identificação e punição dos mandantes: “Teremos mais mortes. Eu estou afirmando que teremos mais”.

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Contudo, nesse percurso, os dois desapareceram. As equipes de vigilância indígena da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) fizeram as primeiras buscas, sem resultados
No dia seguinte, a Univaja emitiu comunicado informando, oficialmente, o sumiço dos homens. Em seguida, equipes da Marinha, Polícia Federal, Ministério Público Federal e do Exército foram mobilizadas e deram início a uma operação de busca
Em 8 de maio, a força-tarefa efetuou a prisão do primeiro suspeito pelo desaparecimento: Amarildo da Costa de Oliveira, conhecido como Pelado. Vestígios de sangue foram encontrados na lancha de Amarildo após perícia da Polícia Federal 
Em 12 de junho, uma semana depois, mochilas com os pertences pessoais de Dom e Bruno foram encontradas. Não muito tempo depois, Oseney da Costa de Oliveira, conhecido como “Dos Santos”, irmão de Pelado, foi preso sob suspeita de envolvimento no crime
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Em 5 de junho de 2022, o jornalista Dom Phillips e o indigenista Bruno Pereira viajavam juntos para que Dom realizasse entrevistas para o livro que escrevia sobre a preservação da Amazônia

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Arquivo pessoal
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Contudo, nesse percurso, os dois desapareceram. As equipes de vigilância indígena da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) fizeram as primeiras buscas, sem resultados

Divulgação
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No dia seguinte, a Univaja emitiu comunicado informando, oficialmente, o sumiço dos homens. Em seguida, equipes da Marinha, Polícia Federal, Ministério Público Federal e do Exército foram mobilizadas e deram início a uma operação de busca

Reprodução/Redes sociais
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Em 8 de maio, a força-tarefa efetuou a prisão do primeiro suspeito pelo desaparecimento: Amarildo da Costa de Oliveira, conhecido como Pelado. Vestígios de sangue foram encontrados na lancha de Amarildo após perícia da Polícia Federal 

Arquivo pessoal
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Em 12 de junho, uma semana depois, mochilas com os pertences pessoais de Dom e Bruno foram encontradas. Não muito tempo depois, Oseney da Costa de Oliveira, conhecido como “Dos Santos”, irmão de Pelado, foi preso sob suspeita de envolvimento no crime

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Mulheres realizam manifestação após morte de Bruno e Dom na Amazônia

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Bruno e Dom foram interceptados em rio e executados

Material cedido ao Metrópoles
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Os suspeitos, então, teriam retirado os pertences pessoais das vítimas do barco em que estavam e o afundaram. Em seguida, queimaram os corpos de Dom e Bruno

Redes sociais/reprodução
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A tentativa de ocultação, porém, não teria dado certo. Jeferson e Amarildo retornaram no dia seguinte, esquartejaram os corpos e os enterraram em um buraco escavado. A distância entre o local em que os pertences foram escondidos e onde os corpos foram enterrados é de 3,1 km

Divulgação/Polícia Federal
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Depois de fazer uma reconstituição do caso junto a Amarildo, a força-tarefa anuncia ter encontrado “remanescentes humanos” que, mais tarde, se confirmariam como os corpos de Dom e Bruno

Reprodução/Redes sociais
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Em 16 de junho, os corpos de Dom e Bruno chegaram a Brasília para realização de perícia e confirmação de identidade

Igo Estrela/Metrópoles
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Em 19 de junho, a polícia informou ter identificado outros cinco suspeitos que teriam atuado na ocultação dos cadáveres. Segundo a PF, “os executores agiram sozinhos, não havendo mandante nem organização criminosa por trás do delito”

Reprodução/Twitter/@andersongtorres
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Exame médico-legal indicou que morte de Dom Phillips foi causada por disparo de arma de fogo

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A morte de Bruno Pereira foi causada, segundo os peritos, por traumatismo toracoabdominal e craniano por disparos de arma de fogo com munição típica de caça, “que ocasionaram lesões no tórax/abdômen (2 tiros) e face/crânio (1 tiro)”

Funai/Divulgação
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Bruno era considerado um dos indigenistas mais experientes da Funai. Ele dedicou a carreira à proteção dos povos indígenas. Nascido no Recife, tinha 41 anos. Ele deixa esposa e três filhos

Reprodução
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Dom Phillips, 57 anos, era colaborador do jornal britânico The Guardian. Ele se mudou para o Brasil em 2007 e morava em Salvador, com a esposa

Twitter/Reprodução

“A diretoria da Univaja tem a mesma marca de Bruno e Dom. Temos que andar com seguranças. Temos que andar com carro blindado. Isso não é vida. Não estamos em um país em guerra. Não estamos pedindo nada demais. Só queremos ter acesso a todas as garantias constitucionais”, apelou.

A lista de documentos foi entregue aos senadores da Comissão externa que foi à região acompanhar as investigações e para a Comissão de Direitos Humanos (CDH). Os dois colegiados realizaram audiência conjunta nesta quarta.

Entre os documentos está um ofício encaminhado à Funai, no qual a Univaja informava a pesca ilegal. Segundo Marubo, não houve providência alguma do governo em relação à denúncia. Entre as denúncias, havia a indicação de porte de arma e o uso de uma canoa

“Tudo indica, a depender das informações colhidas no inquérito, que a arma é a mesma que matou Bruno e Dom. A canoa é a mesma que foi utilizada para abordar [os dois]. Todo o material é o mesmo. Essa pessoa também fez uma ameaça no dia anterior à equipe que estava recebendo Bruno”, destacou o advogado.

“Morte anunciada”

Outro episódio que indica a tese de “morte anunciada”, segundo integrantes dos povos indígenas, foram reuniões com o Ministério Público, nas quais houve participação, inclusive, de Bruno Pereira.

Marubo relatou uma reunião que a instituição fez com o Ministério Público, 15 dias antes do desaparecimento de Bruno e Dom, na qual ele e indigenistas disseram às autoridades que eram “alvo de grupos criminosos que atuam na região. ”

“Nós estamos, literalmente, no alvo do crime organizado. Nos estamos defendendo nosso povo até o último índio. Se a gente tombar aqui, vai ser em razão do trabalho de defesa da nossa região. Olhei para Bruno e ele falou a mesma coisa. Infelizmente, nós tivemos esse resultado horrendo, terrível”, lembrou.

Ao ser questionado se teria como identificar as pessoas que ameçam a região, Marubo repospondeu que ele, pessoalmente, não tem. “Mas, se considerassem os relatórios produzidos pela Univaja há informações valiosas que foram ofertadas às autoridades”, disse.

O advogado também contou quando a violência mais exarceba começou na região. “Precisamente em 2019”, disse.

“Houve, sim, o aumento na violência na região vertiginosamente. Antes, não passavam de ameaças”, destacou.

Confira a íntegra das denúncias da Univaja:

Ofícios de denúncia da Univaja by Metropoles on Scribd

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